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Todas as vezes que uma missão espacial anuncia a descoberta de água, os exobiólogos fazem festa. Dedicados a decifrar a origem e antecipar o futuro dos seres vivos no universo, esses estudiosos sabem que, da forma como a conhecemos, a vida só floresce em locais banhados pelo precioso líquido. A revelação de mais um astro com potencial para nos hospedar foi o motivo da festa entre os cientistas na quinta-feira 25. Trata-se de Rea, uma das luas de Saturno e velha conhecida dos astrônomos.

Em março, a sonda espacial Cassini passou pelo satélite e coletou os dados avaliados por um grupo de astrônomos liderados por Ben Teolis, pesquisador do Southwest Research, instituto americano que colabora com a Nasa. Além de água em forma sólida, as informações coletadas indicam que há uma atmosfera com oxigênio e dióxido de carbono. Ou seja, caso suportassem temperaturas de -200 graus Celsius e radiações, os astronautas até poderiam retirar o capacete nessa lua de Saturno, segundo o estudo publicado na revista “Science”.

De acordo com as conclusões da equipe de Teolis, essa fina camada atmosférica se forma devido à decomposição química da superfície gelada do satélite. O fenômeno seria provocado pela radiação que parte dos pontos mais extremos da atmosfera de Saturno. Os exobiólogos ficam ainda mais animados ao imaginar que, por estarem em condições similares, outras luas do planeta – são pelo menos 62 – podem abrigar atmosferas com oxigênio. E repetir um fenômeno que os astrônomos encontraram nas luas Europa e Ganimede, em Júpiter.

Essas descobertas aumentam a esperança de encontrar vida fora da Terra? Sim e não. Sim, porque mostra que parte das condições terrestres podem ser encontradas em outros astros. Não, porque a vida não depende só de água, o que está sacramentado desde 1964. Naquele ano, o biólogo americano George Wald enviou à Academia Nacional de Ciências um documento que estabeleceu os parâmetros necessários para a existência de vida. Além do líquido, são necessários outros elementos que possibilitem o metabolismo e a reprodução, pelo menos uma fonte de energia e um ambiente que harmonize isso tudo.

Pelo que as descobertas da Cassini demonstram, Rea é reprovada ao menos em duas dessas notas de corte e parece condenada a contemplar eternamente os anéis de Saturno sem ninguém a bordo.

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