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CONTRASTE
Na foto acima, russo combate incêndio florestal neste ano.
Abaixo, encontro preliminar em Cancún

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A 16a Conferência das Partes (COP16) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) começa neste sábado sem o mesmo clima de expectativa da edição anterior, realizada em Copenhague, na Dinamarca, no ano passado. As perspectivas mais otimistas apostam que o evento, que vai até o dia 10 de dezembro, em Cancún (México), seja o último passo antes de haver um acordo com poder de lei, que seria firmado na próxima edição do evento, no ano que vem, na África do Sul. “A COP15 mostrou que é impossível viabilizar, em tão pouco tempo, uma agenda tão extensa”, diz Carlos Rittl, coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.

Outra diferença do evento de Cancún é que não veremos os holofotes da edição anterior, que contou com os principais líderes mundiais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, deve comparecer acompanhado da presidente eleita Dilma Rousseff. “A reunião terá caráter burocrático. Se não foi feito um acordo na COP15, que contava com tantos chefes de Estado, agora é ainda mais difícil”, afirma o ex-ministro da Educação José Goldemberg, professor da Universidade de São Paulo (USP) e vencedor do prêmio Planeta Azul de 2008, o “Nobel” do Meio Ambiente.

“Se não foi feito um acordo na COP15, que contava com
tantos chefes de Estado, agora é ainda mais difícil”
José Goldemberg, ex-ministro da Educação e professor da USP

Goldemberg acredita que um acordo global só deve ocorrer dentro de três ou quatro anos. “Quando os efeitos das mudanças climáticas estiverem ainda mais visíveis e a crise econômica mundial tiver passado, aí sim chegaremos a um consenso”, analisa. A ratificação de um acordo pelos Estados Unidos nem sequer é considerada. Qualquer documento que o presidente Barack Obama assinar só vale depois da ratificação do Congresso americano – que no ano que vem será majoritariamente de oposição. Os republicanos já sinalizaram ser contra a redução de emissões de gases poluentes, pois inviabilizaria o crescimento do país, atualmente em recessão.

Especialistas e autoridades não acreditam, no entanto, que a conferência do clima deste ano seja em vão. O evento é fundamental para firmar acordos que começaram na COP15 e estão paralisados. Um deles é o fundo de US$ 100 bilhões anunciado no ano passado, destinado a financiar medidas de adaptação e mitigação nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Não se sabe ainda quem vai administrar o dinheiro e de que forma ele será aplicado. “Outro objetivo é a aprovação dos incentivos para redução do desmatamento e degradação florestal (Redd, na sigla em inglês)”, diz Thaís Linhares Juvenal, diretora de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente.

Se não houver acordo até 2011, é possível que o Protocolo de Kyoto, que expira no ano seguinte, seja prorrogado. Se não houver um novo documento nem a extensão do tratado de 1997, o planeta vai ficar sem um regime climático. “É importante conseguir o pacto mundial até o ano que vem para que ele seja apenas detalhado quando Kyoto expirar”, diz Rittl, da WWF-Brasil. A contagem regressiva começou.

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