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REAÇÃO
Dilma foi rápida na resposta ao PMDB:
“Indicações para as pastas de Estado serão só minhas”

 

No café da manhã da quarta-feira 17, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), foi apresentado oficialmente ao estilo Dilma Rousseff de comandar. Tão logo sentou-se à mesa, ouviu da presidente eleita uma mensagem direta, clara e objetiva: “As indicações para as pastas que considero de Estado serão exclusivamente minhas”, disse Dilma. Assim, sem nenhum tipo de rodeio, a presidente eleita sinalizou que não se submeterá a pressões dos partidos aliados para a formação do ministério e colocou um ponto final nas pretensões do PMDB, que imaginava manter sob seu controle pastas como a Saúde e Comunicações. Para quem se posicionava desde a campanha como o grande fiador da governabilidade, o PMDB sofreu uma derrota pública ainda nos primeiros minutos do jogo. Quem ouviu foi Temer, mas a mensagem de Dilma serve para todos os partidos aliados.

A conversa no café da quarta-feira foi, na verdade, o desfecho de uma operação que Dilma, Lula e o deputado Antônio Palocci deflagraram na noite anterior como reação a uma tentativa do PMDB de se impor perante os partidos aliados e barganhar espaço no futuro governo. Para tanto, o partido lançou mão, nos últimos dias, de velhos métodos baseados no fisiológico “toma lá, dá cá”. Numa manobra articulada durante o feriado de 15 de novembro, sem avisar nem mesmo os coordenadores da transição, o partido montou, em parceria com quatro legendas governistas, um blocão com 202 deputados. Mas a operação que teve como artífices o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o deputado Eduardo Cunha (RJ) foi um tiro no pé. Além do recuo de dois partidos – PP e PR – menos de cinco horas depois da criação do bloco, a iniciativa gerou um desnecessário desgaste com o governo a pouco mais de um mês do anúncio do novo ministério. O efeito será reverso: a fatia que caberá ao PMDB no ministério deverá ser menor do que as pretensões iniciais do partido. “O PMDB quer implantar o vice-presidencialismo no Brasil. Mas não obterá êxito”, disse o deputado Paulo Delgado (PT-MG).

O tamanho da megabancada criada pelo PMDB seria suficiente para derrotar, no Congresso, qualquer proposta de interesse do futuro governo. O partido desejava, com isso, se fortalecer na disputa com o PT pela Presidência da Câmara e manter sob seu comando os ministérios considerados hoje feudos do partido, como o de Minas e Energia, das Comunicações, da Saúde, da Agricultura, da Integração Nacional e da Defesa. Só que a reação do presidente Lula, de Dilma e de Palocci foi rápida. Na noite da terça-feira 16, decidiram trabalhar em conjunto a fim de retirar do bloco recém-criado os chamados partidos médios. Coube ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a tarefa de telefonar para os aliados. “O PR é aliado de Dilma e não faremos nada em desacordo com o governo”, declarou o presidente da legenda, ex-ministro Alfredo Nascimento (AM). O PP também pulou fora da coalizão. “Só ficaremos no bloco se for para negociar espaço na Câmara. Nada a ver com busca de terreno no governo”, disse o líder do partido na Câmara, João Pizzolatti (SC). Esvaziado, o blocão virou um tiro de festim, mas serviu para demonstrar que no governo Dilma quem vai mandar é Dilma.

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