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PIVÔ
O vencedor Chico Buarque (ao centro) na premiação: seis mil assinaturas em
48 horas pedindo que ele a devolva

 

Mais tradicional prêmio da literatura brasileira, o Jabuti vive uma crise aos 52 anos. O presidente do grupo editorial Record, Sérgio Machado, anunciou que não irá mais participar da competição depois que o livro “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, de Edney Silvestre, de sua editora, perdeu na categoria livro do ano para a obra “Leite Derramado” (Companhia das Letras), de Chico Buarque, que havia ficado em segundo lugar entre os romances, atrás de Silvestre. “Como o livro que fica em segundo lugar pode superar o primeiro e levar a principal premiação? Não faz sentido”, afirmou, ao fazer duras críticas à metodologia do Jabuti, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Machado comparou a premiação a um concurso de beleza e disse que os critérios estão tão rigorosos quanto os que norteiam decisões em programas de auditório. “O rei está nu há muito tempo. Eu apenas mostrei”, disse. Há 20 anos curador do Prêmio Jabuti, José Luiz Goldfarb classificou de “lamentável” e “truculenta” a atitude do editor: “Temos equipes qualificadas, rigorosas e estamos sempre abertos às críticas e sugestões. O ataque de Machado não se justifica.”

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ATIRADOR
Sérgio Machado, da Record, ameaça deixar
o prêmio se não houver mudanças nas regras

 

Com o debate quente, sobrou para Chico Buarque. O imbróglio produziu na internet a petição “Chico, devolva o Jabuti!”, que reuniu mais de seis mil assinaturas em 48 horas e pede a revisão dos critérios do prêmio. É a segunda vez que o cantor e compositor leva sem ganhar. Em 2004, o escritor Bernardo Carvalho também venceu as preliminares do Jabuti e Chico, com “Budapeste”, que havia ficado em terceiro lugar, arrebatou o prêmio principal.

O regulamento permite essa situação inusitada. As duas seleções prévias, realizadas por profissionais especializados, não determinam o resultado final, decidido por um júri formado por associados da CBL, do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Associação Nacional de Livrarias e Associação Brasileira de Difusão do Livro, entidades patrocinadoras do evento e que garantem, desde a década de 1990, os prêmios em dinheiro: R$ 30 mil para vencedores do “Livro do Ano” (ficção e não ficção) e R$ 3 mil para o primeiro lugar de cada uma das 20 categorias. Para que o mercado editorial não rache e o prêmio seja esvaziado, é preciso um debate saudável. Na opinião de Gold­farb, eliminar o ranking pode ser a solução: “Os três pré-selecionados teriam o mesmo status.” Outra alternativa é que apenas os vencedores das categorias possam levar o prêmio principal. A discussão promete ser longa.

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