chamada.jpg
A CAMINHO DO BURACO
Pedestre passa em frente ao Banco da Irlanda, um dos afetados pela crise

 

A história se repete. Como aconteceu com a Tailândia e a Malásia no final dos anos 90, a Irlanda passou de queridinha da banca internacional para a bola da vez da especulação financeira global. Depois de revolucionar sua economia e atrair empresas multinacionais com baixos impostos, crescendo até 6% ao ano, o país sucumbiu à crise de 2008 – originada nos Estados Unidos e que abalou a Europa – e perdeu o status de “tigre celta”. Na semana passada, os mercados financeiros se agitaram diante da possibilidade de quebra da Irlanda. A marola do Mar do Norte chegou ao Brasil, num movimento provocado mais pela ganância dos especuladores que por qualquer possibilidade de contágio por aqui. Como aconteceu na crise americana e depois na grega, o mercado brasileiro deve passar incólume, movido pelo desenvolvimento interno.

Na Irlanda, sim, o quadro preocupa. O país foi obrigado a seguir o mesmo caminho da Grécia e aceitar um socorro bilionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia. Fala-se em até 100 bilhões de euros (R$ 234 bilhões) para capitalizar os bancos e financiar a rolagem da dívida pública. Na quinta-feira 18, os técnicos do FMI, chefiados pelo diretor Ajai Chopra, chegaram a Dublin para negociar o pacote. A caminho do Banco Central da Irlanda, cruzaram com mendigos na rua. Pela primeira vez, o ministro das Finanças, Brian Lenihan, admitiu a necessidade do socorro. “Está claro que precisaremos de alguma forma de assistência externa”, afirmou, a contragosto. O problema é que o FMI quer aprofundar os cortes de gastos já anunciados e a Alemanha pressiona para que a Irlanda aumente seus impostos. Em outras palavras, vêm aí recessão e perda de competitividade.