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OFICIAL
Kate e William durante o anúncio do enlace,
em Clarence House, na terça-feira 16

 

Ninguém pode negar que o romance da plebeia Kate Middleton e do príncipe William de Wales, filho da princesa Diana e do príncipe Charles e segundo na linha de sucessão ao trono britânico, tem os ingredientes de um conto de fadas. Na adolescência, como boa parte das garotas de sua idade, Kate sonhava com o seu príncipe encantado – que no caso era de verdade. Falava de William com a mãe e as amigas e mantinha uma foto de sua paixão adolescente pendurada na parede do quarto. O tempo passou, mas o interesse de Kate por William não esfriou. Filha de uma aeromoça da British Airways e de um funcionário administrativo da empresa, que mais tarde se tornariam milionários vendendo kits para festas, ela frequentou a mesma faculdade do príncipe, a Universidade de St. Andrews, na Escócia, onde ele se formou em geografia e ela em história da arte. Lá, os dois se conheceram – na época, Kate namorava outro rapaz – e se apaixonaram. William era tímido e ela, comunicativa e popular. Durante o flerte, o príncipe herdeiro desembolsou 200 libras (R$ 550) para sentar-se na primeira fila de um desfile de moda beneficente e vê-la desfilar de lingerie. Kate terminou o namoro e engatou o romance com William. Oito anos depois, na terça-feira 16, através de nota divulgada pelo Palácio de Buckingham, o casal de 28 anos tornou oficial o seu noivado e anunciou a data do casamento para “a primavera ou o verão de 2011, em Londres”.

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Há quase 30 anos, desde o enlace de Diana e Charles, em 1981, a Inglaterra não celebra um casamento real dessa importância. No evento na Catedral de St. Paul, transmitido ao vivo pela tevê, a princesa usava um vestido de tafetá de seda, renda bordada à mão e dez mil pérolas, cuja cauda media 7,5 metros, desenhado pelos estilistas britânicos Elizabeth e David Emanuel, e enfeitiçou o mundo. Com seu carisma e beleza, Diana conquistou os súditos e renovou a realeza britânica. Sua morte precoce, em 1997, deixou um vácuo. Por isso, ficam as perguntas: será Kate a nova Diana? Terá ela condições de suprir o vazio deixado por Lady Di?

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Se depender do furor causado pelo anúncio do noivado, há boas chances de conquistar os súditos e conferir frescor à dinastia Windsor. Só se fala no casamento no país, o primeiro-ministro parabenizou o casal e até os soldados britânicos no Iraque foram entrevistados para comentar a boda. Uma louça comemorativa do noivado já está à venda em lojas de suvenir. Catherine Elizabeth Middleton deverá ser a futura rainha da Inglaterra, a primeira com formação superior. É a primeira vez em 350 anos que um príncipe herdeiro se casa com uma plebeia – a última foi em 1660, quando o duque de York, depois James II, se casou com Anne Hyde, que na época entrou pelas portas do fundo do Palácio acusada de ter se envolvido com metade da corte.

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Apesar de o anúncio só ter acontecido agora, o casal está noivo desde outubro. Foi durante uma viagem ao Quênia que William pediu a mão de Kate, uma moça com um passado livre de escândalos, que aprendeu a lidar com o assédio dos fotógrafos e que é definida por William como “bem-humorada” e “pés no chão”. Na ocasião, ele levou um anel que pertenceu à sua mãe, de safira azul-marinho (leia quadro) para fazer o pedido. “William é um romântico de verdade. Tivemos um feriado maravilhoso na África”, disse Kate em entrevista no Palácio de St. James, em Londres, na semana passada. Ao ser perguntada se o príncipe fez a proposta de joelhos, ela respondeu que “era muito, muito pessoal”. Durante o evento, Kate usava o anel. “É uma maneira de ter certeza de que a minha mãe não está perdendo um dia como hoje”, disse o príncipe herdeiro. Por causa da demora no pedido, Kate vinha sendo chamada de Waity Kate, ou Kate à espera.

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LONGA DURAÇÃO
O casal namora há oito anos. Ela era chamada de Waity Kate, ou Kate à espera

 

Os detalhes da cerimônia são o assunto do momento. Será pomposa como a de Diana e Charles? Ou mais austera, por causa dos tempos de crise? O Palácio de Buckingham pede calma. O porta-voz de William afirmou que o casal está ciente da situação econômica. Segundo o jornal “Daily Mail”, a data do casamento deve ser 8 de julho, mas nada foi confirmado. Além da Catedral de St. Paul, o casal pode se casar na Abadia de Westminster ou na Catedral Real. Consultores de moda especulam sobre o vestido de Kate. Ela escolherá um de seus designers preferidos, como a estilista brasileira Daniela Helayel (leia quadro)? Ou um britânico, como Alice Temperley, Amanda Wakeley ou Bruce Oldfield (os dois últimos eram os preferidos de Diana)? Segundo a editora da “Brides Magazine”, Deborah Joseph, a futura princesa será pressionada a escolher um estilista de seu país. “O vestido de Diana foi copiado à exaustão por noivas de todo o mundo, o que provavelmente deve ocorrer com a peça de Kate na próxima década”, diz Deborah. “Por isso é de bom tom que ela opte por um britânico.” Diferentemente de Diana, Kate deve escolher tecidos mais leves e macios, como a organza ou o tule. Depois do casamento, o casal, que já divide o mesmo teto, irá morar em North Wales, onde William serve na Força Aérea Britânica.

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Só o tempo dirá se Kate substituirá Lady Di no coração de seus súditos. Mas o tema rende muita discussão. Amiga próxima da princesa Diana, a embaixatriz brasileira Lucia Flecha de Lima diz que dificilmente Kate baterá a sogra em popularidade. “Ela era única, com um charme e um carisma natos”, disse ela. Lucia não conhece Kate, mas acredita que ela será uma boa princesa. “Tem tudo que é necessário, educação, comportamento, porte”, avalia. A jornalista britânica Elizabeth Grice, especialista em realeza, acredita que Kate vai derrapar se quiser ser como a sogra, membro da aristocracia britânica. “Apesar das semelhanças – são belas, fashionistas e carismáticas –, são mulheres diferentes, em situações diferentes”, diz. A jornalista lembra que Diana tinha sangue azul, era ingênua, e que seu casamento com Charles aconteceu depois de muita pressão para que o príncipe herdeiro encontrasse uma esposa. “Há oito anos, Kate circula no meio, é uma trainee de sucesso”, diz.

Com tantas comparações, William diz que pretende manter Kate longe da sombra da mãe. “Quero que ela escreva sua própria história”, disse. A futura rainha plebeia, no entanto, não esconde o nervosismo. “Fazer parte da família real é bastante intimidante, mas espero que eu seja bem-sucedida”, disse ela, antes de olhar fixamente para o seu príncipe e dizer que ele tem sido um grande professor nessa jornada. Se depender da euforia dos súditos britânicos, o final feliz do conto de fadas é garantido.

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