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SUFOCO
Chinesa pedala no país que mais polui no mundo

 

Boa parte da comunidade científica concorda que os gases emitidos pela ação humana são responsáveis pelo aquecimento do planeta. O dióxido de carbono (CO2) – presente na fumaça que sai de escapamentos de veículos e das chaminés industriais – é apontado como o grande vilão da história. Se até hoje pouco foi feito para diminuir essas emissões, porque não retirar o CO2 da atmosfera?

Essa é uma ideia que vem ganhando fôlego nos últimos anos em todo o mundo, tanto que deve consumir mais de US$ 1 bilhão só em 2010. Embora já exista tecnologia para retirar o gás do processo de extração de petróleo e de chaminés de usinas movidas a carvão mineral, os planos mais ambiciosos são para limpar toda a atmosfera.

Um dos projetos mais promissores é o do físico Klaus Leckner, da Universidade de Columbia (EUA). Ele desenvolveu um plástico que funciona como a folha de uma árvore. Além de capturar muito mais dióxido de carbono do que as alternativas já existentes, o filtro dotado desse material não fixa totalmente o gás, fazendo com que ele possa ser retirado com facilidade, usando vapor de água numa câmara de vácuo. É uma vantagem significativa sobre os filtros anteriores, que demandam muita energia para serem limpos. Posteriormente, o CO2 é submetido à pressão suficiente para torná-lo líquido e ser injetado no subsolo. Especialistas acreditam que a estocagem nesses depósitos pode reduzir em até 20% as emissões causadas pela geração de energia.

Os maiores poluidores do planeta estão investindo pesado nessa possível solução. A China desenvolve parcerias com os EUA para viabilizar pesquisas nesse sentido. Já os americanos receberam do governo US$ 3,4 bilhões em incentivos fiscais para projetos de captura e estocagem de carbono. Em fevereiro, o presidente Barack Obama criou uma força-tarefa sobre o assunto, que deve fazer com que pelo menos dez projetos saiam do papel nos próximos seis anos. Mesmo assim, os custos ainda são altos: incorporar a tecnologia acrescenta cerca de US$ 1 bilhão ao custo da construção de uma fábrica à base de carvão mineral tradicional.

Tanto quanto unidades fabris movidas a carvão, a indústria petrolífera também é vista como prioridade no corte do dióxido de carbono. A Petrobras afirma ter investido cerca de US$ 30 milhões em projetos relacionados às mudanças climáticas entre 2006 e 2009. A injeção do gás nos poços facilita a retirada do óleo, tornando-o menos viscoso. No campo de Miranga, na Bahia, está prevista a injeção de 370 toneladas de dióxido de carbono por dia. O processo vai proporcionar a produção de cinco milhões de barris adicionais em 14 anos.

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Outro projeto, do doutorando Edson Comin, sob coordenação do diretor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Roberto Fernando de Souza, captura o dióxido de carbono do ar para transformá-lo em solventes e policarbonatos – plásticos usados em revestimentos à prova de balas, por exemplo. “Os processos atuais de captura de carbono exigem máquinas caras. Usaremos reações químicas para fazer o mesmo e ainda o transformaremos em produtos”, explica Souza. Se tudo der certo, o CO2 será mais um problema que terá se tornado solução.

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