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O PODER DA BOLA Os jogadores têm doenças como depressão e síndrome do pânico

 Uma iniciativa interessante está chamando a atenção da comunidade científica mundial envolvida em novas abordagens no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Na Inglaterra, ganha notoriedade uma liga de futebol formada por times integrados somente por pacientes. São indivíduos portadores de doenças como esquizofrenia, depressão, ansiedade e transtorno bipolar que estão encontrando nos gramados um bom auxílio para o alívio dos sintomas.

A ideia de criar a Positive Mental Attitude Sports Foundation – Fundação de Esportes para Atitude Mental Positiva – foi da terapeuta ocupacional Janette Hynes, de Londres. Com base em sua experiência profissional na assistência a doentes mentais, ela percebeu que aqueles beneficiados por uma boa rede de contatos sociais e atividade física apresentavam melhora significativa. Janette somou a essa percepção sua paixão pelo futebol – ela mesma pratica o esporte há anos – e resolveu fundar o primeiro time.

Isso foi em 2005. De lá para cá, a ideia ganhou corpo. Hoje, são 18 equipes, divididas em três divisões espalhadas pela Inglaterra. Ao todo, participam dos jogos 453 pacientes. "E continuamos a crescer", contou à ISTOÉ Peter Smith, um dos coordenadores da liga. "Há seis novos times em formação." As partidas não seguem o modelo convencional. Elas duram 30 minutos, em vez dos 90 tradicionais, e as equipes são compostas por homens e mulheres. A frequência dos jogos depende da disponibilidade dos participantes, mas costuma ser em média de uma vez por semana.

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 Um último balanço feito pelos organizadores trouxe à luz resultados animadores. Em um dos times, o Hackney, a maioria dos 15 jogadores reportou progressos em diversos aspectos dez meses após o ingresso na liga. "Mais de 70% deles estavam tomando menos medicação e mantinham relações mais saudáveis com a família e os amigos", disse Smith à ISTOÉ.

As explicações têm uma raiz: o esporte aproxima os pacientes e, principalmente, os impulsiona a manter um estilo de vida saudável. "Além disso, melhora a autoconfiança e libera substâncias que aumentam a sensação de bem-estar", explica Franco Noce, consultor do Comitê de Paraolimpíadas Brasileiro e responsável pela preparação psicológica dos times de futebol com deficientes visuais e portadores paralisia cerebral.