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 Fabiana Carvalho é fã de carteirinha da cantora country americana Leann Rimes. Tem a coleção completa dos discos, sabe cantar todas as suas canções e se tornou intérprete do mesmo estilo musical que o dela. Até aí, tudo bem. Acontece que Fabiana não se contenta apenas em permanecer na condição de admiradora. “Eu quero ser a Leann”, sentencia. E, para isso, não mede esforços. Aos 25 anos, enfrentou a família, vendeu um apartamento de R$ 200 mil e vai encarar uma verdadeira maratona médica para ter o mesmo rosto, corpo e, inclusive, e a mesma voz da americana. Com isso em mente, terá de se submeter a 23 intervenções estéticas, de preenchimentos a lipoaspirações e cirurgias. A transformação de Fabiana em Leann será documentada e exibida na tevê. A brasileira acerta os últimos detalhes com a produção do reality show I want a famous face (Eu quero um rosto famoso) nos Estados Unidos. “Já assinei contrato e embarco para Nova York no dia 14 para começar as cirurgias”, diz. O programa já teve duas temporadas, ambas exibidas pela MTV americana. A terceira ainda não tem data de estreia. Polêmica, a atração documenta das primeiras consultas ao resultado final, passando pelas cirurgias em si. É um dos exemplos de reality shows polêmicos que povoam as redes de tevê no Exterior – e também no Brasil (leia quadro).

A decisão de Fabiana tem assustado familiares, amigos e fãs. “Meus irmãos têm medo das complicações que as cirurgias podem ter”, comenta a moça. “Minha mãe me apoia, mas sei que ela tem receio.” Há, inclusive, uma página na internet que reúne assinaturas para tentar fazer a cantora mudar de ideia. Olhar no espelho e não ver a imagem que sempre viu, ser uma cópia de outra pessoa, se arriscar em intervenções estéticas de recuperação dolorosa. Nada disso parece incomodar a jovem. “Mesmo com o rosto diferente, a gente não deixa de ser a gente. Eu penso assim.” Mas por que tudo isso? “Nos Estados Unidos, a música country é vista de outra maneira. Aqui, logo a associam com o sertanejo. Acho que o Brasil precisa de uma representante como Leann Rimes”, diz.

Nascida em Ponta Grossa (PR), Fabiana apresenta um programa semanal de variedades na tevê paga brasileira. Também faz shows em casas noturnas de música country. Até nos Estados Unidos já se apresentou – em churrascarias e bares de brasileiros. Foi, inclusive, numa dessas viagens que conheceu o produtor do programa que irá estrelar. “Eu já queria mudar umas coisas, como levantar seios”, diz ela. “Vou unir o útil ao agradável.” Para o sociólogo e antropólogo Antonio Flávio Testa, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), o comportamento de Fabiana está associado à sociedade em que vivemos. “Com a internet, os jovens se sentem mais próximos de seus ídolos e, muitas vezes, se confundem com eles”, afirma. “Eles misturam realidade com ficção.”

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 A produção da atração americana cogitou gravar a atração no Brasil. Mas desistiu ao saber que o Código de Ética Médica brasileiro condena filmagens de cirurgias e depoimentos de profissionais com cunho sensacionalista. “Fico chocado em saber que um país como os Estados Unidos permitem programas como esse, que não são educativos”, diz o médico José Tariki, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Para mudar rosto, corpo e voz, Fabiana terá de se internar pelo menos quatro vezes. Uma para redesenhar a face, outra para enxugar seu corpo e outras duas, mais complicadas, para afinar voz e cintura. A cirurgia torácica é muito agressiva, pois mexe com a estrutura óssea e com muitas terminações nervosas, além de ter recuperação extremamente dolorosa. Boa parte dos especialistas condena a prática. “Não quero nem pensar, fico nervosa”, diz ela. Mas não há nada que a faça desistir.

QUE MUNDO (REAL) É ESSE?

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Do fim dos anos 80 para cá, quando os reality shows começaram a ganhar as tevês do mundo, não tem faltado polêmica. No quesito homem-mulher, vários programas já abordaram temas como traição, troca de casais e crise conjugal. Nesse segmento, está para estrear, nos Estados Unidos, The marriage ref (Julgando casamentos). Quando a questão é estética, o céu é o limite. Em 10 anos mais jovem, no ar no SBT, mulheres sofrem intervenções com o objetivo de “rejuvenescer”. Passam por dentistas, dermatologistas e fazem pequenas cirurgias. Outra história que deu o que falar foi a de Jade Goody. Diagnosticada com câncer em agosto de 2008, ao participar do Big Brother Índia, a britânica, então com 27 anos, revelou sua intimidade para as câmeras também nos meses que antecederam sua morte, no dia 21 de março. Celebridades e drogas também são uma mistura explosiva. O show britânico Celebrity rehab with Dr. Drew (Reabilitação de celebridades com o Dr. Drew) já teve duas temporadas.