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ESTRATÉGIA
Mudança no sistema de compras foi autorizada por Paulo Renato

 

O sistema de compras de material escolar das instituições de ensino estaduais de São Paulo tornou-se mais um foco de suspeitas no governo tucano, que controla o Estado há 16 anos. Até este ano, o sistema sempre funcionou da mesma maneira. O diretor de cada instituição orçava em sua região o preço de itens como papel higiênico e caneta em três fornecedores diferentes, optando pelo mais barato. Agora, sem maiores explicações, o mecanismo mudou. O secretário de Educação, Paulo Renato Souza, criou a Rede de Suprimentos da Rede Estadual de Ensino, em que quatro empresas escolhidas via licitação fornecem os produtos para as cerca de 5,8 mil escolas estaduais. Kalunga, Gimba, Reval e Inforshop são agora as responsáveis pelo abastecimento das escolas e cada uma atua em uma região. No novo sistema, o diretor entra no site da empresa, escolhe os produtos e os recebe em até cinco dias úteis após feito o pedido.

Tudo seria perfeito não fosse o fato de os preços dos produtos vendidos por essas empresas serem maiores do que os dos tradicionais fornecedores de outras instituições do Estado. A Bolsa Eletrônica de Compras (BEC), que é vedada às escolas, mas pode ser utilizada por todos os outros órgãos estaduais como a polícia e as autarquias, evidencia a enorme discrepância de preços. A resma de 500 folhas de papel sulfite formato A4 é cotado a R$ 7, 63 na BEC. Em seu site de vendas às escolas, a Kalunga vende o mesmo produto por R$ 11,42. Outro exemplo é o cartucho para impressora Epson, vendido pela Inforshop por R$ 92,76 contra R$ 62,59 pela BEC pelo produto com as mesmas especificações técnicas.

Segundo a Federação para o Desenvolvimento da Educação, responsável pelo fornecimento de material para as escolas, o preço cobrado contemplaria despesas de logística. Diretores das escolas, no entanto, negam a ocorrência desses custos. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, apesar das fartas evidências de sobrepreço, alega que houve uma diminuição dos gastos com a implantação do novo sistema. As contas, porém, não confirmam.