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AÇÃO
A partir de sensores de movimento e voz

 

No princípio, era o botão – apenas um, solitário, ao lado do manche no controle do videogame. Depois, os joysticks foram ganhando mais e mais botões até chegar às engenhocas com mais de dez que somente os geeks (pessoas obcecadas por tecnologia e jogos eletrônicos) são capazes de dominar. Agora, a onda é inversa: com a criação de sensores de captura de movimento, a aposta é na simplicidade. O próximo passo nesse sentido será dado nesta semana, com o lançamento do Kinect, aparelho que é conectado ao console do Xbox 360, da Microsoft, que reconhece os movimentos do jogador (além de sua voz), dispensando completamente o uso de joysticks. “O futuro aponta para isso”, sacramenta Rogério Cardoso, coordenador do curso de jogos digitais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O Kinect é um degrau adiante na revolução que começou em 2006, com o lançamento do Wii, da Nintendo, no qual, também por meio de um sensor, o jogador tem seus movimentos transpostos para a tela.

O Wii, porém, ainda é da geração joystick, ainda que sem fio, mais simples, com menos botões do que os de outros videogames do mesmo porte. Desenvolvida pelo curitibano Alex Kipman, 31 anos (oito deles na Microsoft), a tecnologia do Kinect começou a ser divulgada há cerca de dois anos, em vídeos na internet que mostravam pessoas se divertindo com games sem joystick. Na época, o material causou rebuliço: para muita gente, os vídeos eram apenas encenação. Agora, às vésperas do lançamento, a discussão é sobre aonde essa tecnologia vai chegar. “A tendência é de que o controle, da forma que conhecemos, seja extinto”, diz Douglas Machado, coordenador de ensino da Seven Game, escola de criação de jogos.

Há, no entanto, quem não acredite na extinção do apetrecho. “Em um jogo de tênis, por exemplo, um joystick pode transmitir às mãos do jogador aquela vibração física que simula o impacto da raquete na bola. Quem quiser uma imersão mais completa no jogo vai querer usar o controle”, diz Cardoso, da PUC-SP. Mas ninguém questiona o papel gregário que a captura de movimentos desempenha no universo dos videogames. Pela simplicidade dos comandos – que diminuem a quantidade de botões, no caso do Wii, e dispensam o controle, no caso do Kinect –, pessoas sem intimidade com games, inclusive idosos, têm mais facilidade de jogar. “A tecnologia favorece até os exercícios físicos. Crianças que passam horas no videogame podem mudar seus hábitos e se movimentar para desfrutar o aparelho”, diz o mineiro Lucas Goulart, jogador inveterado de Xbox 360.

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