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“Uma linha de montagem.” Assim a socióloga canadense Sarah Thornton (foto) define o estúdio do artista japonês Takashi Murakami, um de seus entrevistados no livro “Sete Dias no Mundo das Artes”, lançado no Brasil pela editora Agir. Para fazer o relato sobre uma semana no universo da arte mundial, a autora, que também é colunista sobre arte e mercado na revista “The Economist”, visitou os mais importantes museus e instituições, conversou com artistas e debruçou-se sobre as melhores revistas especializadas do planeta. O seu livro é sucesso nos EUA, no Chile e Japão. Narra, entre outras aventuras, os bastidores de um leilão na “Christie’s” de Nova York, no qual um especialista afirmou que o ato de comprar arte, nos dias atuais, é parecido com o de comprar roupas.

O que levou a sra. a entrevistar Murakami?
Quis mostrar a realidade da produção artística hoje. Visitei seu estúdio, que é um dos maiores e mais prolíficos do mundo, e vi como funciona. É uma situação extremamente complexa que me lembra uma linha de montagem. São diversos assistentes e ele monitora tudo de perto. É uma indústria: Murakami realiza vendas astronômicas, faz inúmeras parcerias, desenha bolsas para a Louis Vuitton. Só a visita ao estúdio renderia um livro. É uma pessoa extremamente competente, possui doutorado, mas é também um exímio negociante. Quero saber como esse lugar se transforma em uma zona de negociações financeiras. Ele é fascinado por Warhol e muito de seu estúdio se apropriou do modelo de negócios que esse artista implantou. O capítulo sobre Murakami está no fim do livro. É uma espécie de epítome sobre o mundo da arte contemporânea onde confluem a produção, a negociação, o aprendizado.

Após a imersão no mundo dos leilões, qual é a sua opinião sobre o mercado de arte?
Quero entender o que faz uma obra ser vendida ou não. É um mecanismo simples e misterioso. Não quero levantar um julgamento moral sobre isso, quero apenas entender. Estou interessada no mercado primário, que é o da entrada da obra no mercado, e no mercado secundário, que é como essa obra passará a circular e ser valorizada ou não. O mercado de leilões é algo extremamente lucrativo e movimenta o mercado secundário das artes. Se uma obra de um artista é bem vendida, o restante da produção é valorizado. Claro que existem flutuações. A vantagem de visitar os bastidores de um leilão é entender esse lado subjetivo, as tomadas de decisões e dos gostos que influenciam o mercado da arte.

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