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EXPECTATIVA
Uma das estrelas do evento, o Fusion híbrido chega às lojas
em novembro. Abaixo, os preparativos no Anhembi

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Na edição em que comemora 50 anos, o Salão do Automóvel de São Paulo vive um momento histórico. Não é a primeira vez que carros híbridos são exibidos, mas nunca antes eles passaram a ser vendidos no Brasil logo após o evento, como acontece agora. Outro fato marcante é que entre os dias 27 de outubro e 7 de novembro – período em que fica aberto ao público – o pavilhão de exposições do Anhembi será ocupado por uma verdadeira invasão chinesa. Seis fabricantes vão exibir seus lançamentos, que prometem chegar com força na competição com os produzidos no País.

Pelo menos cinco híbridos que chegarão às revendas por aqui nos próximos meses estarão no salão. São veículos que usam, além de um motor a combustão (normalmente a gasolina ou diesel), um outro elétrico, movido a baterias de íons de lítio. Além de poluírem menos, são mais econômicos. O primeiro a ser vendido em território nacional foi o Mercedes S 400 Hybrid, um importado que desde maio já teve 20 unidades vendidas a R$ 433 mil. A redução no consumo de combustível é de 20% e as emissões de CO2 são reduzidas em 21% em relação a um semelhante movido puramente a gasolina.

A maior novidade que sai direto do salão para as concessionárias é o Ford Fusion Hybrid. Comercializado a partir de novembro, ele utiliza exclusivamente o motor elétrico para se mover, sendo que o motor a combustão só é acionado se o motorista quiser mais velocidade ou se for preciso recarregar a bateria. Isso faz com que ele tenha uma potência de 191 cavalos e consuma a mesma quantidade de combustível que um carro 1.0. Fabricado no México, chega aqui por R$ 134 mil.

Os preços ainda são salgados, mas é só uma questão de tempo até que a tecnologia híbrida se torne mais barata e eficiente. Todas as montadoras dos EUA, Europa e Japão investem atualmente em produtos com apelo ecológico. No salão, gigantes como Honda, Porsche, Mitsubishi e mesmo a emergente chinesa JAC também trazem seus modelos movidos a bateria e combustão. A Mitsubishi, porém, vai mais longe. Além do híbrido PX – MiEV, a japonesa traz o i-MiEV, primeiro carro totalmente elétrico feito em série por uma grande montadora. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dar uma volta no veículo, no Palácio do Planalto. “Tenho defendido a ideia de que o Brasil é quase invencível nessa disputa por novos produtos menos poluentes”, declarou Lula na ocasião.

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O i-MiEV já é comercializado no Japão, na Inglaterra, na Alemanha, no Canadá e na Austrália. A previsão da Mitsubishi é que sejam produzidas 15 mil unidades em 2011, e que até 2013 o automóvel seja vendido no mundo inteiro, inclusive no Brasil. O carro chega a 130 quilômetros por hora e tem autonomia de 160 quilômetros. “Ele é feito essencialmente para circular dentro da cidade”, explica Fabio Maggion, engenheiro responsável pela linha de veículos elétricos da Mitsubishi no País.

Entre os chineses, apenas a JAC chega com um modelo ecologicamente amigável, a versão híbrida do sedã J5. No total, o país traz 30 lançamentos. São picapes médias, SUVs, sedãs de luxo e compactos, que prometem ter os preços mais baixos do mercado, como o Chery QQ. Outro destaque é o Lifan 320, uma imitação do Mini Cooper, com acabamento menos sofisticado e cerca de um terço do preço.

A chegada cada vez mais agressiva das montadoras chinesas é um sintoma do virtuoso crescimento da indústria de automóveis daquele país. Vinte anos atrás, os veículos produzidos por lá não passavam de 5,5 milhões por ano. Apenas em 2010, 16 milhões de automóveis chegarão às concessionárias. E a Chery anunciou ainda investimentos de R$ 400 milhões para construir uma fábrica no interior de São Paulo. A Great Wall, apesar de não participar desta edição do salão, também planeja instalar uma linha de produção no País.

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GENÉRICO
O chinês Lifan 320 imita o Mini Cooper,
mas custa um terço do preço do inglês

 

É claro que as 600 mil pessoas que devem passar pelo Anhembi nos 12 dias de evento terão muito mais para ver além de carros ecológicos e chineses. Entre os 450 expostos, as atenções ainda devem se voltar para badalados tradicionais, como Ferrari, Lamborghini, Maserati, Audi e Bentley, entre tantos outros. No quesito velocidade e preço, no entanto, o Bugatti Veyron Grand Sport é imbatível. Ele vai de 0 a 100 qui­lômetros por hora em 2,5 segundos. Em sua aceleração máxima, alcança incríveis 407 quilômetros por hora. Isso faz dele o modelo mais caro exposto no salão: R$ 8 milhões.

Com o crescimento da economia brasileira, modelos top de linha podem ser cada vez mais comuns nas ruas e estradas nacionais. “O consumidor brasileiro sempre teve um fascínio por veículos de um modo geral”, diz Juan Pablo De Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado, organizadora do evento. “A indústria brasileira e o salão, ao longo dos anos, sempre procuraram atender a esse desejo do consumidor.” As próximas edições do evento vão mostrar se o apelo dos carros ecológicos – e por que não chineses – também vai aumentar.

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Colaboraram: Ana Flávia Furlan, Flavio R. Silveira e Rafael A. Freire, da revista MOTOR SHOW

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