Há muito tempo, numa galáxia muito distante, nasceu Star wars. Em 1973, o mundo não tinha Aids nem internet, ambiente simplesmente incompreensível para os jovens de hoje. O escândalo Watergate havia destruído a confiabilidade do governo americano e isso se refletia nas produções que chegavam às telas. Assim, o roteiro escrito pelo diretor americano George Lucas, então com 29 anos e dois filmes no currículo, parecia uma insânia. Além de excessivamente longo, trazia uma história de ficção científica nos moldes das antigas aventuras de Flash Gordon e Buck Rogers, coisa de criança. A única saída foi dividir o projeto em três partes, viabilizar a primeira e torcer por um milagre. Que, de fato, aconteceu.

Finalmente lançada em DVD, a Trilogia Star wars – que chega às lojas do mundo inteiro na terça-feira 21 – estreou nos cinemas sem alarde por parte da imprensa em uma quarta-feira, 25 de maio de 1977, em apenas 32 salas. Logo virou uma febre, catapultando para o estrelato Harrison Ford (Han Solo), Mark Hamill (Luke Skywalker) e Carrie Fischer (princesa Leia). Personagens interpretados por atores camuflados, caso do peludo Chewbacca e do temível Darth Vader, sem falar dos adoráveis robôs R2-D2 e C-3PO, viraram ícones pop. O sucesso do primeiro filme – Star wars episódio IV, rebatizado de Uma nova esperança em 1981 – viabilizou as sequências O império contra-ataca (1980) e O retorno de Jedi (1983). Com a falência do sistema hollywoodiano e a carência de novos nomes, Lucas surgiu como um novo messias. Pegando carona no boom da informática, ele revolucionou os métodos de produção ao criar a Industrial Light & Magic (ILM), sua própria firma de efeitos especiais.

Os três filmes faturaram até hoje cerca de US$ 3 bilhões no mundo todo. Ao lado dos dois títulos da prequel – episódios criados para contar os antecedentes dos personagens –, a trilogia está entre as 30 maiores bilheterias de todos os tempos. Na sequência de A ameaça fantasma (1999) e O ataque dos clones (2002), o episódio derradeiro da prequel, A vingança de Sith, já filmado, chega às telas no próximo ano e custou US$ 115 milhões, dez vezes mais que o original. Com o lançamento da caixa de DVDs, as cifras devem se multiplicar. O boxe traz quatro discos. Os três primeiros com os filmes e o restante repleto de extras, games, trailers e DVD ROM, destacando o documentário O nascimento do sabre de luz, sobre as espadas que viraram marca registrada da série. Outro extra de peso é Império de sonhos: a história da Trilogia Star wars, com 2h30 de duração e mais de 40 entrevistas, atraentes até mesmo para quem não é fã. Os filmes foram limpos e formatados pela THX DVD, também de Lucas, a partir da versão em vídeo de alta definição obtida pela ILM. Se a edição em VHS lançada em 1997, com acréscimo de elementos, se aproximava da visão original de Lucas, esta a realiza por completo. A Força sempre esteve a seu lado. Afinal, foi George Lucas quem a inventou.