Faz tempo que os produtos orgânicos deixaram de ser exclusividade dos
naturebas de carteirinha. O mercado mundial desses alimentos cresce 30% ao ano e alcançou os US$ 25 bilhões. Por aqui, eles movimentam US$ 200 milhões por ano e as exportações nacionais somam US$ 30 milhões. A procura dos brasileiros por alimentos sem agrotóxicos é tanta que, na semana passada, a cidade do Rio de Janeiro sediou a versão latino-americana da alemã BioFach, maior evento de orgânicos da Europa. Agora o Brasil será tema da BioFach de Nuremberg, na Alemanha, em 2005.

Entre as novidades exibidas no Rio, destacam-se o pão, o camarão e os cosméticos infantis. O Sítio do Moinho é responsável pelo primeiro pão certificado pelo Instituto de Biodinâmica (IBD), o principal do País. Os pães branco e integral dispensam conservantes e aditivos químicos e levam fermento biológico e natural. Celebrizada por seus chás naturais, a Weleda aposta nos cosméticos infantis. São cremes contra assadura, gel dental sem flúor, sabonete vegetal, cremes e óleos para massagem à base de calêndula, de efeito calmante. Os produtos não usam conservante, corante nem perfume artificial.

Esse mesmo cuidado existe na produção de queijos. Os animais pastam em terreno sem intervenção química. “São 18 tipos de capim nativo”, diz Federico Carotti, da Valle D’Oro. O gado é tratado à base de produtos fitoterápicos e homeopáticos. A experiência de processamento de saladas orgânicas da curitibana Rio da Una há sete anos garante o sustento de 45 pequenos produtores de São José dos Pinhais. “Damos assistência técnica e tecnológica e garantimos o consumo final”, explica seu presidente, Marco Vinícius Giotto.

A onda cativou produtores convencionais como Márcia Kafensztok, que há 11 anos cria camarões no Rio Grande do Norte. Em 2003 ela obteve o selo do IBD por evitar o uso de antibióticos e hormônios. A fazenda reduziu em 75% sua produção e o preço ficou 30% acima do convencional, mas isso parece não incomodar a empresária. O equilíbrio do orçamento se dá pelo cultivo simultâneo de ostras. “O impacto sobre a natureza da fazenda orgânica é bem menor”, afirma Márcia.