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TRANSPORTE
Virgílio fretou um avião para levar as testemunhas a depor.
Entre elas, Antônio Assis, que foi orientado a não falar com a imprensa

 

Um dos princípios das artes marciais é evitar a ida ao ataque e utilizar a força do adversário para derrubá-lo. Faixa preta de jiu-jítsu, o senador amazonense Arthur Virgílio (PSDB) parece que não aprendeu essa lição e se caracteriza por sempre atacar seus oponentes. Suas atitudes nas últimas semanas mostram que o senador tucano também não aprendeu a perder. Derrotado na eleição por Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB), Virgílio tenta agora retomar o mandato no tapetão. Quer continuar a atacar. Ele acusa os dois eleitos de terem comprado votos e busca no Ministério Público uma porta para reaver o posto. Na sexta-feira 8, Virgílio chegou à sede do MP em Manaus com sete eleitores, que dizem ter tido seus votos comprados. Eles apresentaram ao Ministério Público cartões do Bradesco com saldo de R$ 600, que seriam a prova dos pagamentos. O problema é que os cartões nada provam e Virgílio poderá ainda ser enquadrado por coação de testemunhas.

O mesmo Ministério Público que ouviu as denúncias já sabe que os denunciantes foram levados de Parintins para Manaus em dois voos fretados da Manaus Aerotáxi. O pagamento do fretamento foi feito por Virgílio e sua esposa, Goreth Ribeiro. “Ele está desesperado e trouxe esse pessoal para forjar denúncias”, diz o ex-governador Eduardo Braga. Três eleitores prestaram depoimentos absolutamente iguais. Disseram ter recebido um cartão do Bradesco com R$ 600, como se tivessem trabalhado nas campanhas de Braga e Vanessa, mas não trabalharam. ISTOÉ telefonou para os celulares dos sete eleitores que prestaram depoimento, mas o único que atendeu a ligação foi Antônio Carlos Rodrigues Assis. “Fui orientado a não falar”, respondeu. A senadora eleita Vanessa Grazziotin também atribui a trama ao desespero do derrotado. “O Arthur está doido. Ele quer o mandato dele de volta de qualquer jeito”, diz. A campanha eleitoral, segundo ela, seguiu orientação do Ministério Público no Amazonas para que os candidatos firmassem contratos de trabalho com as equipes de campanha. Cada cabo eleitoral recebeu um cartão Bradesco para sacar o salário pago pela coligação. Vanessa explica que, além do cartão, o MP orientou que as equipes recebessem protetor solar, alimentação e transporte. Acusado nos depoimentos, o empresário Abrahim Calil Nadaf Neto, dono do sistema de pagamentos por cartão, ameaça processar Arthur Virgílio por calúnia. “Não houve compra de votos, os cartões eram para pagamento de salários. Todas as pessoas tinham contrato de prestação de serviços com os candidatos”, diz Nadaf. O Ministério Público informou que o inquérito corre sob sigilo. Tudo indica que Arthur Virgílio, rejeitado nas urnas, também será derrotado na Justiça.