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MORADA
Antônio e Selma Rodrigues na casa
onde recebem a família

 

Em uma metrópole com 20 milhões de habitantes como São Paulo, onde o tempo médio de deslocamento para o trabalho é de uma hora e meia, possuir duas casas em bairros diferentes virou o sonho de muita gente. O objetivo é ganhar tempo e trocar os gastos com transporte pelo conforto de estar próximo não só do emprego ou da faculdade, mas de serviços e de lazer.

O casal Selma Regina, 66 anos, e Antônio Rodrigues, 60, que sempre viveu próximo a Osasco, na região metropolitana, fez esta opção há dois anos. Cansada de depender de carona ou de táxi, pois não dirige, Selma convenceu o marido a comprar um imóvel em um bairro central da capital paulista. “Nos dividimos entre o apartamento e a nossa casa, onde recebemos filhos e netos”, conta a dona de casa, feliz por conseguir ir a pé ao shopping e às consultas médicas – antes, a viagem durava pelo menos uma hora. Para eles, o segundo lar melhorou até o casamento. “Montar o apartamento foi como casar de novo”, comemora Selma.

Segundo Roseli Hernandes, diretora da imobiliária Lello, de São Paulo, este fenômeno começou a surgir há um ano. “Tem gente que leva horas em deslocamento. Quando toma uma atitude dessas é porque não aguenta mais”, diz. Um de seus clientes que é morador do Tatuapé, bairro da zona leste, decidiu alugar um imóvel no Morumbi, na zona sul, onde trabalha. A distância entre os dois bairros é de 25 quilômetros, percorridos em 40 minutos se não há tráfego intenso. “Quando é possível, ele vai embora para casa e fica com a família. Mas, se o trânsito está complicado, prefere dormir no apartamento”, conta.

Para o arquiteto e urbanista Lucas Fehr, as metrópoles precisam evoluir e oferecer infraestrutura para evitar este tipo de fenômeno. “Se o transporte público é eficiente, as pessoas podem ter a opção de morar mais longe”, afirma. Ele diz que os bairros não podem ser separados por funções, devem ser igualmente contemplados com serviços, áreas verdes e rede de transporte. “Morar em dois imóveis acaba significando a duplicação do problema”, acredita.

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SEGUNDO LAR
O casal no apartamento na
região central de São Paulo