Adaptação do estrondoso sucesso teatral de Miguel Falabella, A partilha (2001) narra o reencontro de quatro irmãs durante o velório da mãe. Mas não é somente a dor da perda que as une naquele momento. Herdeiras de um amplo apartamento em Copacabana, Selma (Gloria Pires), Regina (Andrea Beltrão), Laura (Paloma Duarte) e Lucia (Lilia Cabral) logo engatam a urgente discussão da divisão dos bens. Falabella teve a idéia de escrever uma comédia dramática envolvendo a situação ao presenciar uma briga parecida quando negociava a compra de um imóvel. Empolgado com o resultado nos palcos, Daniel Filho adquiriu os direitos de filmagem logo que viu o espetáculo nos idos 1990.

História de fácil identificação, A partilha não seria o que é sem o elenco afinadíssimo que dá conta das constantes mudanças de tom, amparadas em diálogos bastante espirituosos. Neste ponto, o quarteto de estrelas globais sai-se muito bem. Os tipos são facilmente identificáveis – Selma é a dona-de-casa careta, que tem que conviver com a disciplina do marido militar e a gravidez precoce da filha; Regina é a mística liberal e solitária; Lucia, a perua deslumbrada, que troca o casamento e o filho por uma paixão parisiense; e Laura, a intelectual que esconde no mau humor seu homossexualismo. “Esse é um filme de mulheres e quero tê-las bonitas”, teria dito Daniel Filho ao fotógrafo argentino Felix Monti. Além de belas, as protagonistas se impõem com suas personalidades marcantes.


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