Os ingleses são um povo engraçado. Dirigem  pelo lado direito do carro, têm uma curiosidade quase doentia pela família real e, principalmente,
são extremamente passionais a respeito da mais inglesa de todas as tradições inglesas: a caça à raposa. Na quarta-feira 15, os ingleses deram demonstrações de como a questão mexe com os brios nacionais. Bem na frente do tradicional Parlamento britânico, dez mil manifestantes contra e a favor da caça à raposa expressaram suas posições tão veementemente que deram de cara com a polícia – muito democrática na distribuição de cacetadas. Tudo isso porque dentro do suntuoso edifício acontecia uma discussão na Câmara dos Comuns que aprovou o banimento do esporte favorito de dez entre dez aristocratas ingleses. E, para piorar, cinco manifestantes defensores da caça conseguiram entrar na Câmara dos Comuns e pular para dentro do plenário. Só aí apareceu uma unanimidade: os ingleses precisam rever e aperfeiçoar a segurança de seus principais edifícios públicos.

É a nona vez que a Câmara dos Comuns vota a favor da lei que proíbe a caça. Em outubro, o assunto será debatido na Câmara dos Lordes, que é historicamente a favor dessa prática. Se a Câmara dos Lordes não aprovar a lei novamente, o governo britânico usará um artifício que garante a decisão da Câmara dos Comuns. Muitos ativistas pró-caça já disseram que não respeitarão a lei.

A caça à raposa com cães é um dos mais tradicionais esportes da aristocracia britânica, praticado há mais de 300 anos. Até hoje, a caça obedece a tradições seculares. Entre 30 e 50 cachorros da raça hound treinados são responsáveis por farejar e caçar a raposa. Os homens vão atrás, a cavalo. Manifestantes contrários dizem que a caça é uma crueldade desnecessária, enquanto os pró-caça afirmam que é um método de controlar a população de raposas e uma tradição inglesa.


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