Coleção Martin Scorsese (Warner Home Video) – Três dos primeiros filmes do diretor americano Martin Scorsese e um título de sua fase madura ganham edição recheada de extras e comentários do autor. Da produção inicial, destaca-se pelo ineditismo Quem bate à minha porta (1968), trabalho de estréia do cineasta, sobre um grupo de amigos da região de Little Italy, em Nova York, bairro onde Scorsese passara a juventude. Mais autobiográfico, Caminhos perigosos (1973) focaliza o mesmo meio mafioso de suas raízes sicilianas, através de um bando de marginais. Entre eles Johnny Boy (Robert De Niro), ator com o qual faria grandes filmes posteriormente, como Os bons companheiros (1990), lançado também em edição dupla. Prova de sua versatilidade, a comédia dramática Alice não mora mais aqui (1974) traz Ellen Burstyn no papel de uma viúva que resolve pôr o pé na estrada com o filho pelos Estados Unidos profundo. Mas o diretor se encontra mesmo em grande forma é na comédia de humor negro Depois de horas (1985), sobre o operador de computadores Paul Hackett (Griffin Dunne), que sai para encontrar uma garota e se perde na noite de absurdos do SoHo nova-iorquino, numa trama semelhante a um pesadelo paranóico. (Ivan Claudio)

Teatro

Noites brancas (Sala Baden Powell, Rio de Janeiro) – Quem está acostumado a identificar o escritor russo Fiodor Dostoievski com obras densas como Crime e castigo ou Os irmãos Karamazov vai custar a reconhecê-lo neste texto romântico. Mas a síntese do autor se faz presente entre frestas da história de Nastenka, a jovem representada por Débora Falabella, e do homem solitário e sem nome interpretado por Luiz Arthur. Débora, de peruca comprida, consegue se livrar da forte imagem de menina atrevida das novelas globais, como a atual Maria Eduarda de Senhora do destino. Com cenário modesto, iluminação eficiente e figurino único, o espetáculo tem direção criativa de Yara de Novaes. (Eliane Lobato)

Discos

Contrasts, com Marcos Valle – No início dos anos 1990 o compositor de Samba de verão, marco da segunda fase da bossa nova, descobriu e foi descoberto pelo drum’n’bass. Depois de atrair jovens sofisticados como Ed Motta, suas divisões rítmicas impregnadas de jazz, funk e soul encantaram os ravers europeus. Neste 21º álbum – o terceiro da fase atual, inaugurada por Nova bossa nova e seguido por Escape –, Valle deixa de lado os teclados que o fizeram famoso e reassume o balanço ao violão, apoiado por Alex Malheiros no baixo e Robertinho Silva na bateria. Valeu, parabéns (dança do Daniel) e Que que tem aparecem também remixadas. O resultado tem sido aplaudido nas excursões que Valle não pára de fazer na Europa. (Luiz Chagas)