Poucos estão livres de desenvolver, ao longo da vida, algum tipo de doença reumática. É o que garantem os especialistas em males que afetam a estrutura esquelética e prejudicam a mobilidade. Dentre eles, a mais comum é a artrose, degeneração das articulações causada pelo desgaste da cartilagem. Estudos apontam que metade da população mundial que passou dos 40 anos já desenvolveu o problema e apenas um terço dos que têm mais de 70 anos não sofrem da enfermidade. No Brasil, há 15 milhões de pessoas com artrose. As estatísticas são alarmantes, mas há uma boa notícia. Acaba de chegar no País um remédio que associa dois compostos já usados no combate à doença. É o Artrolive, que combina o sulfato de glicosamina e o de condroitina. A promessa é potencializar o efeito das substâncias, que ajudam a repor o tecido cartilaginoso. “A cura não existe, mas dá para conviver bem com a doença”, assegura Caio Moreira, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

A artrose é causada pela desidratação e desgaste da cartilagem, estrutura que fica entre os ossos e amortece o contato entre eles. Sem essa proteção, os ossos ficam em contato direto, o que gera atrito, dor e lesões. Os principais sinais da doença são, além das dores nas juntas, inchaço nas articulações e dificuldade de movimentar os membros. Em alguns casos ela provoca deformidades. É bom não confundi-la com a artrite, processo inflamatório das articulações que apresenta os mesmos sintomas e também enrijecimento dos dedos.

Na artrose, a cartilagem pode se desgastar por conta da má distribuição das forças no corpo. Portanto, desvios posturais, obesidade e esforços repetitivos são os grandes vilões. Eles desequilibram o organismo e muitas vezes levam a pessoa a sobrecarregar as articulações. A enfermidade também pode se manifestar quando a pessoa sofre fraturas em acidentes. E, ao contrário do que muita gente pensa, não se trata de ‘doença de velho’. Segundo Moreira, até jovens atletas estão entre as vítimas. Isso porque o excesso de treinos pode danificar as cartilagens. As articulações ficam sem a devida proteção contra impactos.

Há mais um fator importante que predispõe à doença: a genética. Quem tem parentes diretos com a enfermidade corre mais riscos de padecer com a degeneração. É o caso da decoradora paulistana Anny Vaz Guimarães, 72 anos. Ela sofre de artrose nas mãos, nos cotovelos, nos ombros e na coluna há cinco anos. “Meu pai tinha e minha irmã também. Sinto dores no início da noite e tomo remédios que diminuem a dor”, conta. Mas Anny não facilita. Faz atividades de baixo impacto (natação e caminhada), que fortalecem a musculatura, dando, dessa maneira, maior sustentação ao esqueleto. A decoradora também submete-se a sessões regulares de massagem, que promovem alívio.

Para melhorar a vida de quem tem artrose, existem muitas alternativas, como acupuntura e fisioterapia. A médica Sueli Carneiro, presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, explica que é difícil dizer qual é o melhor tratamento. “Para amenizar a dor, tudo o que relaxa o músculo é bom”, resume.

Quanto aos remédios, existem os sulfatos – que, na verdade, são substâncias  que fazem parte da composição natural da cartilagem e podem ser repostas para reconstituir a estrutura –, analgésicos (para combater a dor) e o cloreto de magnésio, geralmente encontrado na forma líquida, que diminui a dor em menos de um mês se o paciente ingerir uma ou duas doses por dia. Também para aplacar a sensação dolorosa, os especialistas sugerem banhos terapêuticos. Podem ser de argila, algas marinhas, lama negra e águas termais. O objetivo é o relaxamento.