TESOUROS DO ISLÃ

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NARRATIVA
Ilustração de história persa sobre o amor
do rei do Irã pela princesa da Armênia

 

Um pequeno chafariz, típico dos pátios de residências árabes, ocupa o centro do ambiente cujas paredes foram decoradas com tecidos de padronagens saídas da Grande Mesquita de Damasco, na Síria. No alto, uma palavra escrita em caligrafia mourisca recebe o visitante. Ela significa “Islã”, justamente o nome da grande exposição que a partir da segunda-feira 11 ocupará as dependências do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. O que se vê, em seis ambientes, é digno de um conto das mil e uma noites. Entre as 300 peças que pela primeira vez saem de seus países de origem estão 16 “Alcorões”, três astrolábios (instrumentos antigos de navegação), dez tapetes persas e muitas, muitas joias, cerâmicas, objetos decorativos em vidro e metal e vestimentas originárias da época das Cruzadas. Esse acervo, com obras que datam do século VIII ao início do século XX, está vindo dos principais museus do Irã e da Síria e inclui tesouros arqueológicos de pelo menos seis países do norte da África.

A mostra é resultado do esforço do estudioso cubano radicado no Brasil Rodolfo Athayde, que por mais de dois anos se empenhou para montar no País uma exposição digna da grandeza da cultura islâmica. Ele negociou com mais de 15 instituições do mundo inteiro e, com a colaboração do Palácio do Itamaraty, conseguiu um acordo com os museus de Damasco e Aleppo, o Palácio Azem, na Síria, e o Museu Nacional do Irã, entre outras instituições. Escolheu a dedo as obras que traria e acompanhou o processo de empacotamento de cada uma delas, uma exigência dos proprietários. “Essa mostra é mais que uma exposição de arte, é uma exposição sobre uma cultura”, diz Athayde, que divide a curadoria com o professor Paulo Daniel Farah. Para que essa viagem por 13 séculos do mundo islâmico fosse bem assimilada, um segmento introdutório se fez necessário. Anunciada por um tradicional portão cenográfico muçulmano, a sala de mapas e linhas do tempo conduz o visitante pela história da expansão territorial árabe, pontuada por objetos originais referentes a cada época. Parada obrigatória da mostra, um pequeno ambiente guarda as chamadas miniaturas de “Shahnameh” e outras páginas ilustradas, com delicados textos e desenhos que narram histórias do século XV. Uma delas fala do amor do rei do Irã por uma princesa armênia.
É, com razão, a menina dos olhos de Athayde – e dos visitantes.

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