IMAGENS JAMAIS VISTAS DE MARILYN

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POETA
A obra “Fragments” desmonta o mito da garota tola
e somente sensual imortalizado no cinema

Quase meio século após a sua morte, Marilyn Monroe continua despertando paixões e movendo fortunas. Maior estrela do cinema americano na década de 1950, protagonista de um escandaloso romance extraconjugal com o presidente John Kennedy e símbolo sexual que atravessou gerações, Marilyn morreu aos 36 anos de forma trágica, vítima de uma overdose de medicamentos que até hoje não se sabe se foi intencional, acidental ou provocada por alguma misteriosa conspiração política. Em meio a centenas de publicações existentes sobre a sua vida, soma-se agora um novo livro intitulado “Fragments”, que é a sensação editorial do momento. É o primeiro a conceder a palavra à própria atriz, ou seja: a obra é integralmente composta de poesias, cartas e trechos de diários escritos por ela entre 1943 e 1962, ano de sua morte. Todo o material é inédito e estava sob os cuidados da atriz americana Anna Strasberg, viúva de Lee Strasberg, fundador da escola dramática Actor’s Studio, em Nova York, e amigo a quem Marilyn confiou seus bens em testamento. Anna já havia leiloado a maior parte do acervo (avaliado em US$ 13,4 milhões) e no ano passado concordou em ceder à editora francesa Seuil os direitos de publicação de suas poesias. “Não falarei sobre isso porque, finalmente, Marilyn poderá falar por si mesma”, disse Anna a respeito dos manuscritos que entregou ao editor Bernard Comment.

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ESBOÇOS
Marilyn anotou em papel de carta do hotel Waldorf Astoria,
em Nova York, um triste sonho: “Um eterno vazio”


“Na tela da escuridão absoluta / surgem sombras de monstros /
meus inabaláveis companheiros/ E o mundo dorme/ Paz, preciso de você,
mesmo que seja um monstro pacífico”

A negociação desse material atravessou silenciosa disputa entre editoras até que Anna optasse pela francesa Seuil, em detrimento de selos americanos. “O valor pago foi irrelevante diante de sua importância”, disse Comment, sem revelar cifras. “Fragments”, cujo título é o mesmo de um poema de Marilyn, foi lançado na França, na quinta-feira 7, chega aos EUA na terça-feira 12 e será lançado em outros 13 países até o final do ano. Coube ao escritor italiano Antonio Tabucchi prefaciar a edição. Ele compara a biografia e a poesia de Marilyn à vida e obra da poeta americana Sylvia Plath, ex-mulher do escritor Ted Hughes e que se suicidou aos 30 anos. “Se Marilyn não tivesse se tornado uma grande estrela do cinema, poderia ter seguido o caminho das letras”, disse Tabucchi. Em trecho de um poema que leva o irônico título “Após um Ano de Análise”, Marilyn, no auge do sucesso, escreveu: “Socorro, socorro, socorro/Sinto que a vida chega mais perto quando tudo o que quero é morrer.” E indaga: “Como eu gostaria de estar morta – absolutamente não existente. Já não estou?”
 

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 “Somente fragmentos de nós um dia alcançarão  fragmentos de outros – é esta a verdade do outro e de qualquer um. Nós podemos apenas compartilhar fragmentos acessíveis ao conhecimento. Como na natureza. No mais, é apenas solidão”

Em outros versos, ela volta ao tema: “Quero pôr fim à minha vida, mas como? Sempre existem pontes. Mas teria de ser uma realmente feia. E a verdade é que eu nunca vi uma ponte que me parecesse feia o suficiente.” A angústia em que vivia ganhou uma breve trégua durante o seu casamento com o dramaturgo Arthur Miller, que criou para ela o roteiro do filme “Os Desajustados” (1961). O final dessa união – ele a abandonou após se apaixonar por outra mulher – teve efeito devastador sobre a atriz. Meses antes da separação, ela leu no diário de Miller que o escritor estava “desapontado com o mais adorado símbolo sexual do mundo e algumas vezes se sentia envergonhado diante de seus amigos”. Marilyn, que tinha em Miller seu porto seguro, dedicou a ele o poema: “Peace I Need You – Even a Peaceful Monster” (Paz, eu preciso de você – mesmo que seja um monstro pacífico). Não há nada nos textos que faça referência direta ao seu relacionamento com John Kennedy, exceto por uma correspondência inacabada ao seu psicanalista, Ralph Greenson: “Quando eu pronunciava o nome de uma certa pessoa, você alisava seu bigode e olhava para o teto. Você adivinha quem é? Ele foi para mim (secretamente) um amigo muito doce.” Há uma passagem sobre o seu amigo e cineasta Elia Kazan em outra carta ao mesmo psicanalista: “Kazan me disse que eu sou a garota mais alegre que ele já conheceu. E, acredite-me, ele conheceu muitas mulheres.”

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LUA DE MEL
Di Maggio visitou Marilyn ao saber de
sua contusão: fotos, beijos e romance assumido

 

“A vida começa agora. No palco não serei punida, chicoteada,
não amada ou enviada para queimar no inferno ao lado de pessoas más”

 


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