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FAMA Spice Girls, em 1997, no lançamento de máquinas Polaroid que levavam o nome do grupo

Existem dois momentos marcantes na história da fotografia. O primeiro foi protagonizado em 1835 pelo francês Louis Daguerre quando ele inventou a técnica de captura da imagem. O segundo tem a marca do cientista americano Edwin Land que, em 1948, criou um filme e uma câmera de revelação instantânea batizada de Polaroid. Espécie de avô das máquinas digitais, esse equipamento se transformou em objeto cult na década de 1970 graças ao artista pop americano Andy Warhol – foi com uma Polaroid que ele clicou, entre outros, Pelé, Mohammed Ali, Liza Minelli, Arnold Schwarzenegger e Jane Fonda. A série de 77 fotografias foi exposta em galerias de arte pelo mundo afora e virou livro no ano passado. Nas mãos de pessoas comuns, a máquina também fez sucesso e tornou-se uma excelente companheira de diversão, porque permitia que se fotografasse e, segundos depois, já se tivesse em mãos o resultado do clique. Era ótima para o lazer em família, atração para a namorada e estrela nas festinhas. Mais ainda: a Polaroid ajudou os fotógrafos profissionais envolvidos em grandes produções porque, naqueles tempos do negativo dos filmes, ela servia para antecipar como as imagens surgiriam diante da câmera principal.

A Polaroid não conseguiu, no entanto, resistir à era digital. Os celulares e as câmeras modernas tornaram mais fácil a tarefa de se guardar os flagrantes do dia-a-dia, o mundo agora é outro e, melhor que tudo, bastam poucos cliques na tela do celular ou no teclado do computador para se enviar uma fotografia. A popularização desses equipamentos representou, assim, o golpe de misericórdia na carreira daquela senhora. Na verdade, não são novos os problemas enfrentados pela empresa criada em 1937 pelo cientista Edwin Land. Em 2001, a Polaroid quase fechou as portas por conta de uma dívida de cerca de US$ 1 bilhão. Foi resgatada pela Peters Group Worldwide, que comprou o negócio em 2005. A diversificação da linha de produtos, que passou a contar com aparelhos de tevê, DVD e MP3, serviu apenas para mascarar o inevitável. “A Polaroid confiou demais na força da marca e na fidelidade de um número cada vez mais reduzido de usuários”, diz Álvaro Leal, analista de mercado da consultoria IT Data. Para saciar o apetite de colecionadores e aficionados pela câmera de revelação instantânea, Tom Beaudoin, presidente da Polaroid, se comprometeu em licenciar fabricantes dispostos a investir nesse nicho.

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GALERIA Pelé, Liza Minelli e Andy Warhol. O artista plástico fez história com a Polaroid

 

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SUCESSO Edwin Land, o inventor da máquina, olha o seu auto-retrato

No Brasil, os efeitos do fim da comercialização da câmera e do filme Polaroid só não serão maiores porque faz tempo que é difícil encontrá-los. A rede Fnac, uma das maiores vendedoras de equipamentos fotográficos do País, retirou os produtos de suas gôndolas em 2005. Nem no site Mercado Livre, no qual são leiloados produtos novos e usados, é possível achar a câmera ou o filme. Oficialmente, as exportações para o País foram suspensas apenas no final de 2007, segundo informação da assessoria de imprensa da Polaroid. Os fãs de carteirinha do equipamento prometem resistir e integrantes de uma das dezenas de comunidades do Orkut tentam combinar, em homenagem à marca, formas de manter ativo o seu hobby. Uma das idéias que surgiram na página da comunidade Polaroid, que conta com 396 membros, é recorrer a importadores independentes para comprar um grande lote de filmes. Dessa forma, eles esperam perpetuar por mais algum tempo o ritual de ver uma imagem surgir instantaneamente no papel.