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FORMA Luiza Brunet é uma das pacientes famosas de Heloísa. Ela está feliz com a perda de peso, atestada pelo aparelho colocado em sua mão

Há dias em que o consultório da médica Heloísa Rocha, do Rio de Janeiro, mais parece o ponto de encontro das celebridades. Na sala de espera, é possível dar de cara com a bela Luiza Brunet ou com as atrizes Paola Oliveira e Carol Castro. Por lá também já passaram Juliana Paes e Deborah Secco. O que tanto atrai essas e outras dezenas de estrelas é o fato de Heloísa praticar a medicina ortomolecular, um conceito de tratamento baseado na reposição de vitaminas que arrebata cada vez mais famosos. A lista é grande. Inclui, por exemplo, as atrizes Priscila Fantin e Letícia Spiller e também o nadador Tiago Pereira. A adesão das celebridades é tão grande – e fiel – que já rendeu à ortomolecular o título de medicina das estrelas. Mas, afinal, o que é essa medicina que tanto barulho faz entre pessoas normalmente sedentas por soluções maravilhosas para se manter saudáveis? A primeira resposta é surpreendente. Embora cresça no País – há médicos que registram aumento na procura por consultas na ordem de 50% ao ano –, a ortomolecular não é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina. O órgão regulador da prática médica no Brasil considera que falta substância científica para assegurar à modalidade o reconhecimento.

Essa consideração não assusta os adeptos. Nesse ponto há um aspecto interessante. Na medicina em geral, é comum um paciente trocar de médico freqüentemente. Também é um problema a falta de adesão ao tratamento. Com a ortomolecular é o contrário. Quem faz uma vez normalmente fica fiel. É o caso da atriz Letícia Spiller, adepta há oito anos. A justificativa para o não abandono da terapia é a sensação de bem-estar experimentada nesse período. “A ortomolecular me ajuda a manter a saúde e disposição física”, conta. Entre outros benefícios, ela aponta a resistência aumentada – Letícia diz que já esqueceu da última vez que ficou gripada. A avaliação da atriz resume as opiniões de outros pacientes famosos. Priscila Fantin, por exemplo, que usa a ortomolecular há cerca de cinco anos, costuma dizer que essa medicina é uma das responsáveis por sua ótima disposição, além de trazer uma ajuda extra. “Para mim, tensão pré-menstrual não existe”, conta.

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LEQUE Abud usa o método para tratar várias doenças

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Os segredos apontados pelos médicos praticantes como a explicação para esse sucesso são dois. O primeiro é um atendimento individualizado – as consultas duram, no mínimo, uma hora – para que as necessidades dos pacientes sejam identificadas por completo. “O paciente deve ser ouvido e entendido por seu médico. Quando essa confiança existe, todo tratamento dá certo”, afirma a médica Heloísa Rocha. O segundo componente da fórmula da vitória é um trabalho permanente de reposição de vitaminas e minerais. Esse foco está baseado no princípio de que, sem eles, o corpo não funciona direito. De fato, isso a ciência já cansou de demonstrar – a falta de vitamina A, por exemplo, pode levar à cegueira noturna. Portanto, segundo a lógica ortomolecular, se o corpo receber corretamente a quantidade de nutrientes de que precisa, terá mais fôlego para enfrentar os desgastes do dia-a-dia – daí viria a propalada disposição sem fim que atrai atletlas como Tiago Pereira – e também ficará mais forte contra doenças.

O que explica esse poder das vitaminas e minerais é o fato de que eles são antídotos contra os radicais livres, moléculas formadas a partir de processos de oxidação que ocorrem a todo momento no corpo. Elas são caracterizadas por um desequilíbrio na quantidade de elétrons que possuem, o que as torna prejudiciais ao funcionamento das células. Porém, o próprio corpo fabrica enzimas que neutralizam a ação dos inimigos radicais. Seria, dessa maneira, uma guerra de igual para igual. O problema, defendem os ortomoleculares, é que a produção de radicais tem sido muito maior do que a capacidade de o organismo fabricar as tais enzimas protetoras. O argumento é que os fatores externos que disparam a fabricação das moléculas estão aumentando sua concentração. Entre os principais estão o stress e os poluentes. Some-se a isso, de acordo com os médicos, a alimentação deficiente em nutrientes e o que se tem é um organismo desprevenido contra os radicais livres. “Por isso há a necessidade de repor os antioxidantes”, defende a médica Sylvana Braga, de São Paulo.

Baseados nesses princípios, os médicos ortomoleculares gostam de afirmar que ela vai direto à raiz dos problemas. “Ao restaurar o equilíbrio bioquímico do corpo, ajudamos as células a funcionar corretamente, o que repercute em todos os órgãos”, afirma o médico Alberto Serfaty, do Rio. É por causa desse tipo de ação que vem o nome da modalidade: ortho, em grego, significa correto. Seria algo como correção molecular. Para medir o que e quanto falta de cada nutriente, os médicos usam testes como o mineralograma. Conhecido como o exame do fio de cabelo. Ele mede a presença de mercúrio, chumbo, alumínio, cálcio, magnésio, selênio, entre outros.

Segundo os ortomoleculares, essa medicina pode ser usada para prevenir ou ajudar a tratar qualquer patologia. O cardiologista Ronaldo Abud, de São Paulo, por exemplo, tem pacientes com aterosclerose – depósito de gordura nas artérias – e vários com fibromialgia, enfermidade caracterizada por dores em vários pontos do corpo. O especialista, assim como a maioria dos que usam a medicina ortomolecular, associa os princípios da modalidade aos tratamentos conhecidos. “Tratamos a doença especificamente com os remédios disponíveis”, afirma. “Mas também cuidamos das condições gerais do doente”, argumenta, referindo-se ao reforço dado por meio do fornecimento de nutrientes que estejam faltando.

Apesar desse leque de aplicação, boa parte dos pacientes procura a ortomolecular com um objetivo principal: emagrecer. É assim no consultório de Luciana Granja, em São Paulo. “Oito em cada dez pacientes querem perder peso”, conta a médica. Na clínica de Heloísa Rocha – onde a consulta custa R$ 400 e há fila de espera até agosto – o número de pessoas que a procuram com esse objetivo também é grande. Foi o caso da modelo Luiza Brunet. “Aos 45 anos, por mais exercícios ou dieta que se faça, há dificuldade para emagrecer”, conta. “Mas, com a ortomolecular, os resultados são visíveis”, fala. Outro que encara a balança sem medo – e credita isso à ortomolecular – é o ator Léo Rosa, 23 anos. Há quatro meses ele iniciou o tratamento e contabiliza a perda de três quilos. Porém, segundo os próprios ortomoleculares, nesses casos o suprimento de vitaminas serviria mais como um suporte para garantir disposição para a dieta do que qualquer outra coisa. Afinal, além dos nutrientes, a recomendação para os pacientes é se limitar à clássica combinação salada/grelhado e exercício físico.

Hoje, calcula-se que existam no País cerca de 400 médicos ortomoleculares. Em geral, eles não são bem-vistos por seus pares. Uma das principais críticas é que estariam oferecendo tratamentos ainda controversos do ponto de vista científico. A alegação é a de que o tema da suplementação vitamínica é complexo demais e em muitos casos não há consenso sobre sua real necessidade. Uma boa corrente de nutricionistas e endocrinologistas defende que ela é desnecessária porque os indivíduos obtêm dos alimentos os nutrientes de que precisam. Sem contar os riscos de doses excessivas. Concentrações acima do desejado de vitamina C, por exemplo, estão associadas a problemas que vão de diarréia a cálculo renal.

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Outro problema está na formação dos profissionais. “A medicina ortomolecular não faz parte do currículo médico”, afirma Antônio Carlos Lopes, presidente da Associação Médica Brasileira. “Se não entra nas faculdades, onde se constrói o conhecimento, não pode ser considerada”, defende. De fato, muitos ortomoleculares reconhecem que essa questão precisaria ser mais bem resolvida. Hoje, qualquer médico que freqüente um curso de ortomolecular pode sair por aí se intitulando como tal. Mas, apesar das críticas, nada parece suficiente para interromper o crescimento da medicina das estrelas.

O maior mandamento é…

 


… atacar a produção excessiva dos radicais livres, moléculas com quantidade desequilibrada de elétrons associadas a danos celulares, envelhecimento precoce e doenças

Esse combate é feito de duas maneiras

Por meio do fornecimento ao organismo de substâncias que neutralizam a ação dos radicais livres:

– vitaminas
– aminoácidos
– minerais

Uso de câmara hiperbárica

 

O equipamento ajuda a reduzir a fabricação dos radicais livres

Formas de diagnóstico


Exames de sangue para dosar a concentração de vitaminas

Medição da presença de metais tóxicos como mercúrio e de minerais benéficos, entre eles o manganês. Para isso, usa-se uma amostra de cabelo

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