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Como deverá ser o Brasil em 31 de dezembro de 2014? Se o ritmo atual de crescimento for mantido, Dilma Rousseff chegará ao último dia de seu mandato à frente da quinta maior economia do mundo. Um país com um PIB de R$ 5,2 trilhões e 114 milhões de pessoas na classe média, que terá eliminado a miséria extrema e incorporado mais de 25 milhões de brasileiros ao mundo do consumo. Excesso de ufanismo? Pois são exatamente essas as previsões dos grandes investidores, dos banqueiros, dos presidentes das multinacionais e dos líderes das próprias empresas nacionais. No mundo de hoje, apenas uma coisa é proibida: fechar os olhos para o despertar desse novo Brasil.

De todos os presidentes eleitos após a redemocratização, Dilma é a que teve mais sorte. Collor herdou a hiperinflação de Sarney, FHC teve o desafio de consolidar o Plano Real e Lula recebeu uma economia estagnada. Os ventos sempre podem mudar de direção, mas é improvável que o Brasil saia do rumo nos próximos quatro anos. Primeiro, porque Dilma tem bom-senso. Segundo, porque conta com uma equipe econômica já testada e aprovada, aqui e lá fora. Terceiro, porque o País se tornou imprescindível para um mundo que demanda cada vez mais alimentos e outros recursos naturais – e o Brasil também faz diferença por dispor de um grande mercado interno, em plena expansão.

O grande desafio de Dilma será o de fazer um governo de continuidade, sem continuísmo. Ela terá de imprimir seu estilo no Palácio do Planalto, encontrando o equilíbrio entre a experiência, com os quadros que virão do governo Lula, e a renovação, com os nomes que ela própria promoverá ao primeiro escalão. Para atravessar com tranquilidade os próximos quatro anos, ela precisará ainda de duas âncoras: uma na economia e outra na política. No primeiro caso, é bem simples. Basta perseverar no rumo atual e manter nomes como Guido Mantega e Henrique Meirelles nas posições que já ocupam. No segundo, embora seus dois principais aliados, PT e PMDB, tenham apetite insaciável por cargos, ela contará com o bom-senso de nomes como Antônio Palocci e Michel Temer, que poderão auxiliá-la a administrar pressões. Se souber delegar responsabilidades, Dilma poderá se dedicar plenamente ao que realmente interessa: educação, saúde, segurança e a infraestrutura necessária para que o Brasil receba a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Por fim, o resultado das urnas também abre uma oportunidade única para o PT. Depois de chegar ao poder graças à força de um mito, o do operário Luiz Inácio Lula Silva, o partido conseguiu, dentro das regras democráticas, eleger também o seu projeto de governo. O que deveria provocar uma reflexão naqueles que, embora tolerem a democracia, ainda carregam uma alma autoritária. Um conselho? Não percam tempo com enfrentamentos desnecessários e com eventuais recaídas na direção de um Estado policial. O chavismo, que mora ali ao lado, já dá sinais de esgotamento em países como a Venezuela e o Equador. E o Brasil é a prova de que existe um caminho para a redistribuição de renda dentro da democracia.

Para os que votaram contra Dilma, restam apenas duas alternativas: aceitá-la ou ficar choramingando pelos cantos. A primeira é bem mais produtiva. Quem optar pela segunda perderá o bonde da história, pois chegou a vez do Brasil.