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EXPERIÊNCIA
Para analistas, Dilma chega mais preparada do que Obama, Medvedev,
Cameron ou Piñera quando assumiram a Presidência de seus países

Desde que o Brasil conseguiu transformar o tsunami da crise financeira internacional em uma marola de impactos econômicos reduzidos por estas plagas, em 2009, o mundo voltou uma vez mais seus olhos para o que ocorre no País. Havia quase uma década que sociólogos, economistas e analistas de toda sorte tinham transferido seus interesses para o Oriente Médio e as insensatas guerras que aportaram por ali. Agora, com a eleição da primeira mulher presidente de um país que começa a despontar como protagonista de uma nova e irreversível ordem econômica e política global, o mundo procura entender e conhecer quem é Dilma Rousseff, a responsável por cristalizar as profundas mudanças pelas quais o País passou nos últimos 15 anos.

Nos últimos dias, especialistas em Brasil e mesmo aqueles analistas que nunca dedicaram atenção especial ao País têm tentado prever e explicar quem é a mulher que vai comandar o País pelos próximos quatro anos. As visões, em geral, pintam um quadro de uma presidente com capacidade para dar continuação ao bem-sucedido governo do presidende Luiz Inácio Lula da Silva. O analista político David Rothkopf, colunista da prestigiosa publicação “Foreign Policy” e ex-subsecretário de Comércio do governo Bill Clinton, derruba numa só tacada a crítica de que faltaria experiência a Dilma para governar o Brasil. “Quando assumir a Presidência, ela terá muito mais experiência executiva do que tinha Barack Obama, nos EUA, ou David Cameron, na Inglaterra, além de muito mais conhecimento sobre política e governo em vários níveis do que Dmitri Medvedev, na Rússia, ou Sebastian Piñera, no Chile”, disse Rothkopf à ISTOÉ. Na opinião do ex-subsecretário de Clinton, Dilma tem todos os atributos para ser uma boa presidente e já se apresenta ao mundo como uma “líder sofisticada”. “Ela é inteligente e provou ser uma solucionadora de problemas”, avalia Rothkopf.

A maioria das análises econômicas encampa a tese de que Dilma terá um perfil mais “desenvolvimentista”. O diário espanhol “El País” chegou a dizer que a presidente eleita estaria à esquerda de Lula. Já o britânico “Financial Times”, o jornal econômico mais influente do lado de lá do Atlântico, escreveu que “o instinto político” de Dilma estaria refletido na forma como ela conduziu a elaboração do marco regulatório para a exploração do pré-sal e o programa de capitalização da Petrobras.

Para o economista Thomas Trebat, diretor-executivo do Centro de Estudos Brasileiros, da Universidade de Colúmbia, o mesmo pragmatismo que embalou a manutenção da política econômica na transição de FHC para Lula deverá inspirar o primeiro ano de gestão de Dilma. “A presença do ex-ministro Antônio Palocci, que teve papel fundamental em 2003, indica essa continuidade”, diz Trebat. No âmbito diplomático, os analistas também não preveem grandes mudanças. “Todo mundo presume que o Brasil encontrou a fórmula do sucesso na economia e na política internacional e que Dilma manterá o curso das coisas”, diz o presidente do Interamerican Dialog, Peter Hakim. O cientista político, no entanto, acha que a presidente eleita não poderá simplesmente “continuar” com a política externa de Lula. “Pelo simples fato de que o Brasil hoje está num patamar muito diferente daquele em que Lula assumiu. Ela tem um legado para administrar e terá que tomar algumas decisões estratégicas”, diz Hakim.

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