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ENSAIO
Jovens selecionados para o teste
receberão três doses da nova vacina

Pela primeira vez, 150 voluntários com idade entre 9 e 16 anos selecionados na cidade de Vitória, no Espírito Santo, receberão doses de uma vacina experimental contra a dengue. O estudo é conduzido pelo laboratório Sanofi Pasteur e está em andamento em mais 13 países, entre eles Uruguai, Argentina, México e Tailândia, que foi o berço do produto. Em vários desses locais, a vacina também está sendo testada em adultos. Porém a opção feita no Brasil de concentrar o ensaio em crianças se justifica pelo aumento do número de casos da infecção em pessoas com menos de 15 anos que vem sendo verificado desde 2006. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente essa população representa 25% do total dos casos – há dez anos esse índice era de apenas 2%.

O novo imunizante será aplicado em três doses, com intervalos de seis meses entre elas. “A solução combina fragmentos de quatro tipos diferentes do vírus da dengue com uma forma atenuada da vacina da febre amarela”, informa Reynaldo Dietze, coordenador dos testes no Brasil e diretor do Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade.
De fato, a imunização é um passo essencial para conter a expansão da doença. Até agora, as medidas focadas no controle do vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, têm se revelado ineficientes. As estatísticas do Ministério da Saúde indicam que, no primeiro semestre deste ano, foram confirmados quase 500 mil casos da doença, número 58% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Esse crescimento pode ser ainda mais acentuado se também se confirmarem outros 300 mil casos que estão em investigação. Neste caso, terá ocorrido uma elevação de 159%. Além disso, está aumentando a quantidade de internações. “A dengue não é mais um problema em que matar o mosquito resolve. Por isso, a única solução definitiva é a vacina”, considera o cientista Isaias Raw, presidente do conselho de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Butantan.

No mundo, mais quatro grupos estudam imunizantes contra a moléstia. Um deles atua em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Outro, o poderoso Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, trabalha em conjunto com o Instituto Butantan, de São Paulo, em uma vacina feita com tecnologia que usa cópias de um vírus da dengue alterado geneticamente pelos cientistas. “Iniciaremos os testes no Brasil no primeiro trimestre de 2011”, anuncia Raw. A estimativa do Ministério da Saúde é de que algum desses fármacos esteja aprovado e possa ser usado em larga escala na população até 2015. 

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