Assista ao trailler do filme "Tropa de Elite 2":

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O filme “Tropa de Elite”, um dos maiores sucessos recentes do cinema nacional, tornou conhecido um policial que há três anos habita a memória dos brasileiros: o capitão Nascimento, oficial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro. Interpretado pelo ator Wagner Moura, esse personagem ganhou notoriedade ao fazer incursões em favelas com fuzil em punho, farda preta e adrenalina de herói americano. Seu alvo eram bandidos e traficantes de bermuda e camiseta também armados até os dentes, dos quais arrancava informações e confissões por meio de um abominável saco plástico que enfiava na cabeça de suspeitos até os sufocar. Agora, em “Tropa de Elite 2”, que estreia no dia 8 de outubro, Nascimento é um coronel da PM que usa terno e gravata, fala com elegância e pertence à cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Rio. É, novamente, o protagonista. Ele abandonou os métodos espúrios e vive uma realidade também revoltante: descobriu nos corredores do poder que seus maiores inimigos são engravatados como ele, frequentadores de outros ambientes que não a favela. Os tais engravatados são políticos que alimentam e são alimentados financeiramente pelas milícias atuantes nos morros.

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A mira do diretor José Padilha volta-se assim para esses grupos paramilitares que, segundo ele, são donos de grande força política. “Eles elegeram deputados estaduais e federais, são a ligação direta entre o poder de arrecadação de um crime e a constituição de um caixa de campanha para a eleição de representantes do povo”, diz Padilha. Esse elo que faltava ao primeiro filme promete um enredo explosivo.
Engatilhada logo após a produção inicial, a continuação de “Tropa de Elite” representa um feito raro no cinema brasileiro, que apenas consegue emplacar sequências de filmes infantis ou, mais recentemente, de comédias como “Se Eu Fosse Você”. Afora suas inegáveis qualidades técnicas, o combustível desse sucesso foi sem dúvida a polêmica em torno de Nascimento e de seu comportamento violento. Por diversas vezes, os tiros e as bofetadas do personagem – e as cenas com o saco plástico – foram aplaudidos nas salas de exibição por espectadores que representavam parte da classe média amedrontada pela violência do tráfico. As crises de consciência do capitão vão continuar a persegui-lo em “Tropa de Elite 2”, principalmente ao ser confrontado pela mulher (Maria Ribeiro) e pelo filho adolescente (Pedro Van-Held) por causa do seu antigo desempenho truculento como policial do Bope. Segundo Padilha, o personagem carrega uma complexidade, não é monolítico: “No início, ele já sofria de angústia, de síndrome do pânico e tomava remédio.” Agora cultiva, além desses conflitos, os primeiros cabelos brancos.

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À frente de uma produção de R$ 12 milhões, Padilha quer dessa vez evitar a todo custo que seu longa-metragem caia de novo na pirataria antes da estreia (calcula-se que tenham sido produzidos 11,5 milhões de cópias ilegais do filme anterior). Um aparato inédito foi montado. A edição do negativo deu-se apenas em dois locais e eles foram guardados por policiais contratados pela equipe. Já o sigilo em torno das filmagens não pôde ser garantido. Elas mobilizaram 350 pessoas, entre elenco e técnicos, e foram marcadas por tal realismo que muitas vezes os moradores do Morro Dona Marta, onde foram rodadas as cenas de violência, entraram em pânico.
O susto virou até notícia de jornal – e isso, mais uma vez, é ótimo para o marketing da história.

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