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Já se passaram quase 50 anos desde que o homem se aventurou fora do planeta Terra pela primeira vez. Fomos à Lua, mandamos sondas para vários planetas do sistema solar, mas o astro central ainda permanece cercado de mistérios. Não é para menos. Não é fácil se aproximar do Sol, cuja temperatura varia entre seis mil e 15 milhões de graus Celsius e fica a cerca de 150 milhões de quilômetros de distância do nosso planeta.

A Nasa, agência espacial americana, resolveu encarar o desafio e vem desenvolvendo tecnologias para chegar o mais perto possível do astro. Coroou esse processo na semana passada, quando lançou o programa Solar Probe Plus, que enviará uma espaçonave não tripulada ao Sol em agosto de 2018. Do tamanho de um carro pequeno, a máquina será capaz de chegar a uma distância de 6,5 milhões de quilômetros da superfície solar e poderá fazer avaliações mais precisas da atmosfera do astro. É a primeira vez que o homem manda uma nave para uma estrela.

Para colocar os instrumentos de medição o mais próximo possível do Sol, a Nasa desenvolveu uma espaçonave que suporta temperaturas de até 1.400 graus Celsius. Feita de carbono e equipada com painéis solares, ela é uma espécie de laboratório móvel e possui sensores para medir a radiação e fazer contagens do número de elétrons, prótons e íons de hélio.

Muito do que se conhece do Sol é baseado no comportamento de outros corpos similares, já que o astro é apenas um dos 200 bilhões de estrelas da Via Láctea. Com esse método, os cientistas sabem, por exemplo, que o Sol não vai explodir em uma nuvem de poeira nos próximos milhões de anos, mas não conseguem prever se a radiação vai aumentar nas próximas décadas. “Sabemos qual será a trajetória do astro a longo prazo, mas os detalhes não temos como prever, porque não sabemos o suficiente sobre ele”, afirma o pesquisador do Observatório Nacional Victor D’Ávila.

O que se sabe é que a estrela responsável pela vida na Terra sofre variações no seu campo magnético a cada 22 anos. Mas essas variações não são estáveis, sendo que a quantidade de manchas solares que aparece em cada ciclo varia de maneira aleatória. Quanto mais manchas solares, maior é a radiação emitida pelo Sol e, consequentemente, maior a temperatura na Terra. “No século XVII, por exemplo, tivemos um ciclo que praticamente não teve manchas solares. A consequência foi uma espécie de míni era glacial na Europa”, conta D’Ávila.

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Ao se aproximar do Sol e fazer medições na atmosfera, a Nasa espera descobrir como são formadas as manchas solares, o que pode contribuir para a previsão de fenômenos climáticos na Terra. Além disso, a agência espera diagnosticar se o diâmetro do Sol está variando. Outro mistério são os chamados ventos solares – fenômenos que ocorrem quando a parte da atmosfera solar se projeta para o espaço – e que só puderam ser medidos recentemente. Os cientistas ainda não sabem como isso acontece, mas conseguiram detectar que existe uma zona em volta do Sol que possui temperatura mais elevada do que a da superfície. O porquê desse fenômeno é outro enigma para a missão desvendar.

Para responder a essas questões, os americanos estão dispostos a desembolsar. Começam gastando US$ 180 milhões, custo estimado para design, desenvolvimento e testes da nave.

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