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Assista ao vídeo no player acima e conheça o peixe-arqueiro

 

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O peixe-arqueiro é conhecido pela capacidade de lançar um esguicho pela boca que pode acertar um inseto fora da água. A precisão e a força são tamanhas que derrubam a presa e garantem a refeição do Toxotes jaculatrix, nome científico da espécie. Pesquisadores de Israel descobriram que uma das razões para essa habilidade é o fato de o arqueiro ser dotado de uma visão até então associada apenas aos mamíferos. Testes mostraram que eles enxergam algo que destoa da paisagem – como uma barra na horizontal sobre um fundo de listras verticais, por exemplo. O estudo foi publicado na semana passada na revista científica americana “PNAS”.

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Nos humanos e demais mamíferos, a atenção visual é atraída por estímulos que sobressaem no ambiente, como orientação do objeto (vertical, horizontal, diagonal), cores e movimento. Essa função é facilitada pela organização do córtex visual, parte do nosso cérebro conhecida pela tarefa de enxergar. O curioso é que os peixes não possuem córtex. Ainda assim, são capazes de enxergar os insetos fora da água. “A experiência não ajuda a entender o cérebro deles em si, mas indica que alguns processos óticos são similares aos encontrados em mamíferos”, afirma Ohad Ben-Shahar, líder do estudo. Ele diz, no entanto, que as evidências sugerem que circuitos parecidos com os nossos podem ser encontrados também no pequeno cérebro daqueles animais.

Para chegar a essa conclusão, Ben-Shahar e seus colegas submeteram cinco peixes-arqueiros a uma série de testes. Num deles, uma barra na posição vertical e outra na horizontal eram exibidas num monitor acima do aquário durante dois segundos. O plano de fundo variava entre faixas em um ou no outro sentido. Quando a posição da barra destoava do fundo, eles lançavam a água justamente sobre ela.
A especulação mais óbvia é que esse recurso seria fruto de um ancestral comum entre homem e peixe. “Não é possível afirmar isso”, diz Ben-Shahar. “No entanto, parece que esse tipo de processamento é um aspecto tão crítico para a informação visual que mesmo espécies tão diferentes o possuem.” O elo continua perdido.