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Assista ao vídeo, conheça a programação e as principais atrações, entre elas a banda Smashing Pumpkins

 

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A primavera no Brasil começa com música. Do final de setembro até meados de novembro, os amantes do rock e da música pop não terão motivos para invejar os ingleses e americanos. Numa temporada inédita, durante três meses São Paulo vai ser palco de quatro festivais musicais. A maratona se inicia com o TelefônicaSonidos, na terça-feira 21, e prossegue com o SWU , o Natura Nós About Us e finaliza com o PlanetaTerra 2010, cujos ingressos esgotaram dois meses antes. Ao todo, 60 artistas estrangeiros, entre eles a dupla francesa Air, a banda de Chicago  The Smashing Pumpkins e o grupo Dave Matthews Band, de Seattle, vão dar o ar  da graça com sua lista infindável de exigências. Estrelas nacionais também marcarão presença. Aproveitando o clima festivo, os artistas sertanejos vão se reunir no Sertanejo Pop Festival, previsto para o mês que vem. Até 2011 já tem programação: mais um peso-pesado vai se encaixar na concorrida agenda, o Rock in Rio, que volta a acontecer no País depois de dez anos (leia entrevista). A explicação para tantos eventos do gênero é, a princípio, mercadológica. Os grandes patrocinadores culturais preferem  o formato do festival ao show individual, mesmo sendo ele de um Black Eyed Peas, que se apresenta em outubro em nove capitais brasileiras – argumentam que a maratona de shows com diversas bandas promove bem mais e melhor a marca da empresa. Essa é a opinião de Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music Brasil, idealizador e criador do TelefônicaSonidos. “Shows individuais acontecem toda hora. O festival é interessante porque agrada mais o público e permite associar mesmo o patrocinador ao artista.”  

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João Paulo Affonseca, sócio da produtora Mondo Entretenimento, uma das envolvidas na realização do Natura Nós, vai mais longe: “A experiência do espetáculo ao vivo traz identificação à marca e a maratona musical dá ênfase a esse tipo de interação. Reverberam-se assim uma cultura e um estilo.” Hoje, por exemplo, o conceito associado a essas festas coletivas é o da conscientização em torno da sustentabilidade e da ecologia, redimensionando o ideário hippie do pioneiro dos grandes encontros em torno da música, o Festival de Woodstock (1969). É o caso do SWU Music and Arts Festival, que, para fazer jus a essa ideologia, acontecerá em uma fazenda. Com um perfil mais roqueiro, vai reunir em uma mesma noite – e isso é uma proeza – as cultuadas bandas americanas Pixies e Queens of the Stone Age. Fechar um bom “lineup” (lista de atrações), aliás, é o grande desafio dos organizadores. Primeiro porque as grandes estrelas do pop internacional preferem se apresentar na Europa e nos EUA e só ficam disponíveis para a América Latina quando é inverno no Hemisfério Norte. Ou quando termina o verão por lá, como acontece agora. Ainda assim, o Brasil tem de disputar as datas com países asiáticos. 

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De dois anos para cá, esse cenário está mudando, como explica Theo Van der Loo, sócio da empresa The Groove Concept, produtora do SWU: “O Brasil conseguiu segurar a economia e está muito bem-visto lá fora. Artistas deram atenção ao festival porque era feito aqui no País”. No caso do Planeta Terra, a dobradinha com Buenos Aires ainda acontece. O cantor libanês de tecnopop Mika, que vem pela primeira vez ao Brasil, e a superbanda The Smashing Pumpkins, de Chicago, com 18 milhões de discos vendidos, passarão pela Argentina, o que barateia os custos. A grande disponibilidade de datas é outro dado novo. Hoje músicos faturam mesmo é com os shows e não com a venda de CDs. Na Inglaterra, por exemplo, que concentra o maior número de festivais no mundo, no ano passado tal faturamento ultrapassou o comércio de CDs e de música online: foi de 1,54 bilhão de libras contra 1,36 bilhão de libras, um acréscimo de 30% na venda de ingressos em relação aos últimos cinco anos. A explicação é que, mesmo com a internet, os fãs não abrem mão da imersão “ao vivo” – é a tal “experiência” de estar com a banda. 

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No Brasil não poderia ser diferente e especialistas da área acreditam que nesse cenário positivo a quantidade de eventos só tende a crescer. Para eles a demanda reprimida para shows internacionais é três vezes maior. O problema é saber se existe tanta verba circulando para empreitadas do gênero. Nos bastidores comenta-se que um pequeno festival tem orçamento em torno de R$ 5 milhões. A experiência do TelefônicaSonidos aponta para uma receptividade das empresas. Planejado há dois anos, até dois meses atrás o evento não tinha patrocinador. Diferentemente dos outros, que apostam no pop europeu e americano, o Sonidos decidiu investir na música latina e está trazendo nomes de ponta como o cantor argentino Fito Paez e a polêmica banda portoriquenha Calle 13, que toca rap e reggaeton. É a chegada da segmentação ao setor.

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