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BLINDAGEM
Esquema montado pelo PT para evitar que ataques atingissem Dilma surtiu efeito.
Serra (abaixo) não ganhou pontos
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No comando da campanha de José Serra (PSDB) houve uma discreta comemoração na terça-feira 7, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupou o horário eleitoral reservado ao PT para fazer uma espécie de manifesto em defesa da ex-ministra Dilma Rousseff sobre os vazamentos de dados sigilosos da Receita Federal. Os tucanos chegaram a avaliar que os ataques promovidos nas últimas semanas, responsabilizando o PT e a candidata Dilma pela quebra dos sigilos fiscais de familiares de Serra e de líderes do PSDB, estavam surtindo algum efeito eleitoral. “Se eles colocaram o presidente para defender a candidata, é porque o ataque está funcionando”, disse um deputado do PSDB, que trabalha no comando da campanha tucana. A animação durou pouco. No dia seguinte, os serristas receberam o resultado de pesquisas internas mostrando que Dilma continuava a crescer. Perdia alguns poucos votos apenas em São Paulo.

No QG de Dilma, desde o início da semana, a análise era bem outra. A entrada de Lula no programa eleitoral era encarada como uma tentativa de avançar ainda mais em busca da vitória no primeiro turno. Os levantamentos eleitorais que se seguiram confirmaram que aquela que seria a bala de prata da campanha tucana, capaz de ferir de morte a candidatura de Dilma, não passou de um tiro de festim. No embalo do crescimento econômico e beneficiada pelo alto grau de satisfação popular com o governo, Dilma não só mantém folgada dianteira nas pesquisas de opinião como ainda é apontada como favorita para liquidar a fatura no primeiro turno. As pesquisas revelam que a maioria da população já decidiu como e por que vai votar. No dia 3 de outubro, não estará decidindo sobre responsabilidades de quebra de sigilo. O que está em jogo para o eleitor é o governo que ele vai levar ao poder. E aí a opção pela continuação da administração atual vem sendo acachapante.

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CONTRA-ATAQUE
Lula foi à tevê para defender sua candidata
e acusou o PSDB de baixar o nível da campanha

No duro pronunciamento no dia 7 de setembro no horário eleitoral gratuito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Serra tentava atingir Dilma com mentiras e calúnias, em clima de baixaria. “Infelizmente, nosso adversário, da turma do contra, que torce o nariz contra tudo o que o povo conquistou nos últimos anos, resolveu partir para os ataques pessoais. Lamento muito. O povo brasileiro é maduro e saberá separar o joio do trigo”, disse Lula. Dessa maneira, o presidente acabou emparedando Serra, que ficou sem saber como e em que tom deveria ou não rebater durante o programa eleitoral. Em evento na quarta-feira 8, num dos discursos mais ácidos feitos até então, Serra chegou a dizer que a violação dos sigilos fiscais de sua filha, Verônica, e de seu genro Alexandre Bourgeois evidenciava um “trabalho de quadrilha”. Na quinta-feira 9, porém, munido das pesquisas internas, ele voltou a se mostrar hesitante. Na tevê, durante o horário gratuito, Serra respondeu a Lula de forma branda, sem citá-lo, quase pedindo desculpas por ter de fazê-lo. Numa referência a Dilma, mas também sem mencioná-la, disse apenas que “a pessoa que deve explicações se esconde atrás de ministros e até do presidente da República”.

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IMAGEM
O nascimento do neto de Dilma foi mais um
fato positivo na reta final da campanha

As mais recentes sondagens eleitorais confirmam que o eleitor está disposto a votar baseado na expectativa de ver sua qualidade de vida continuar melhorando, como tem acontecido nos últimos anos. De acordo com o tracking diário da Vox Populi/Band/IG, Dilma subiu na última semana de 51% para 56%. Depois do tiroteio tucano, ela caiu três pontos, mas dentro da margem de erro. “A curva não mostra nenhuma alteração significativa após o caso do tal dossiê”, concluiu João Francisco Meira, do Vox Populi. Na quinta-feira 9, Dilma ostentava uma vantagem de 32 pontos percentuais sobre Serra. Aparecia com 53% das intenções de voto, contra 21% do principal oponente. Ninguém contesta que é um dever do Fisco zelar pelo sigilo das declarações do Imposto de Renda de milhões de contribuintes. Contudo, o que tem se mostrado mais importante para o eleitor é a sensação geral de bem-estar, a geração recorde de empregos e o consumo em alta, que promete fazer do próximo Natal um dos melhores dos últimos tempos. No início deste mês, o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor atingiu 119,3 pontos, puxado pela perspectiva de queda do desemprego e da inflação. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, desde 2001, quando começou a série histórica do índice, o brasileiro nunca esteve tão otimista.

“Se o fato novo for esse que está aí, violação de sigilo, não tem jeito. O povo está muito feliz, não dá para mudar isso”, reforçou o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que prevê a vitória de Dilma já no primeiro turno. “As pesquisas mostram que o impacto (do epísódio da Receita) foi nulo. A “bomba” esperada pelos que torciam pelo fato novo virou um traque”, faz coro o presidente do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra.

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Em lugar de ser atingida pela “bomba” anunciada pelos tucanos, Dilma ganhou um trunfo de peso considerável na reta final da campanha: o nascimento de seu neto, Gabriel, na manhã da quinta-feira 9, com 50 cm e 3,955 quilos. O parto cesariano foi realizado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Para acompanhar o nascimento do primeiro neto, Dilma cancelou eventos de campanha por dois dias. Filho de Paula Rousseff com Rafael Covolo, Gabriel ajudou a embalar o discurso emotivo da campanha petista, em contraposição à retórica belicista do PSDB. A foto de Dilma com o neto em seu colo foi exibida em todos os jornais do País. Um dia antes, em evento em Minas Gerais, Lula chamou a candidata de querida e futura avó, ao mencionar o nascimento do neto. E, sob os aplausos da militância presente, voltou a demonstrar otimismo com a vitória no dia 3 de outubro. “Ela vai ganhar de presente, além do neto, a responsabilidade de dirigir o destino do nosso país por quatro anos”, disse. De mãe do PAC, Lula agora quer transformar Dilma em uma simpática avó do Brasil.


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