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NOVIDADE
Campos buscou em vários Estados os melhores exemplos de administração

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Nenhum candidato a governador no País está tão seguro da vitória quanto o pernambucano Eduardo Campos (PSB). A três semanas da eleição, ele aparece nas pesquisas com 73% das intenções de voto, acumulando 56 pontos percentuais de vantagem sobre seu rival, o peemedebista Jarbas Vasconcelos, um político tradicionalmente bom de voto em Pernambuco. Não há outro candidato com tamanha dianteira no Brasil. Campos vem sendo aclamado como um “gênio sedutor” por seus correligionários e leva dos adversários a pecha de “arrogante manipulador de resultados”, segundo definição do senador de oposição Raul Jungmann (PPS).

Aos 45 anos, Eduardo Henrique Accioly Campos se orgulha de ser o governador mais popular do País. Uma pesquisa do Instituto Datafolha, de julho, mostrou que 62% dos pernambucanos avaliam seu governo como ótimo ou bom, 27% acham regular e somente 7% dizem que a administração é ruim ou péssima. Em 2006 ele herdou um Estado sem grandes problemas financeiros e tratou de aproveitar a boa maré econômica para modernizar o governo de Pernambuco, o que explica seu sucesso e o favoritismo para a reeleição. Campos é da nova geração de administradores públicos que defendem prêmios de produtividade para o funcionalismo e procuram governar seus Estados como se fossem empresas privadas. Para escândalo de muitos parceiros socialistas, ele procurou modelos de gestão eficientes até entre partidos que se alinham com seus opositores. De Minas, com o ex-governador Aécio Neves, por exemplo, foi buscar as ideias do “choque de gestão”. Depois desembarcou em São Paulo para estudar o modelo de saúde implantado por José Serra. Também foi ao Rio de Janeiro discutir soluções para a segurança pública com o governador Sérgio Cabral.

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HERANÇA
O avô Miguel Arraes foi derrotado pelo adversário de Campos

Aliado de Lula, Campos, como presidente nacional do PSB, ajudou o presidente a articular a retirada da corrida eleitoral do deputado Ciro Gomes, deixando a estrada livre para Dilma Rousseff. Assim, ganhou peso político em Brasília. O governador levou para o Estado megaempreendimentos industriais ligados ao petróleo e à produção de navios, além de ter incentivado a indústria têxtil pernambucana, que passou a ser a segunda força fabril do País no setor. Em parceria com o governo federal e a iniciativa privada, tirou da prancheta, depois de quase 60 anos, a Ferrovia Transnordestina. Assegurou ainda as obras da transposição do rio São Francisco, recursos para o porto de Suape e ganhou a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima.

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Pernambuco ainda é um Estado pobre. Segundo os novos dados do PNAD 2009, a pesquisa nacional por amostra de domicílios do IBGE, só 39,6% de suas residências têm esgoto e 15,6% não contam com água encanada. O Estado apresenta um índice de analfabetismo de 17,9%, sendo que outros 28,5% são de analfabetos funcionais – ou seja, 46,6% da população mal sabe ler e escrever. “Fizeram muita maquiagem no Estado”, reclama Raul Jungmann. “Vivemos um efeito Lula quintuplicado.” Eduardo Campos admite que a ajuda do governo federal foi estratégica, mas garante que Pernambuco também tratou de fazer sua parte. “Não há vento bom para quem não sabe para onde quer ir”, afirma.

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“Eduardo Campos tem três características: prepotência, arrogância e soberba”, desdenha seu rival Jarbas Vasconcelos. Para o candidato do PMDB, o governador aproveitou-se de uma “política de toma-lá-dá-cá” para erguer sua base de apoio. Jungmann reclama que favores oficiais são distribuídos fartamente para atrair aliados: “Os prefeitos daqui não são autônomos e, como o governador tem a caneta e as verbas oficiais, fica difícil fazer oposição”, diz ele.

Foi na esteira do avô Miguel Arraes, um mito da política nordestina, que Eduardo Campos entrou na política. Casado, pai de quatro filhos, está desde 2007 no Palácio das Princesas, que seu avô ocupou por três vezes no passado. “Mas Campos tem um perfil diferente, é mais conciliador do que Arraes”, diz o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco. Arraes era o homem que falava com o sertão, já Campos fez sua carreira política na região metropolitana do Recife, que concentra 41% dos eleitores do Estado. Hoje, seu alto índice de popularidade mostra que já fala o mesmo idioma com os eleitores urbanos e os do agreste. “Campos tem um pouco de Lula e de Arraes”, acredita Barreto. A mãe do governador, a deputada federal pelo PSB Ana Arraes, se derrete quando fala do filho: “Ele é um gestor público moderno que consegue perseguir metas ao mesmo tempo que cuida de gente”, diz ela.

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PRESSÃO
Jarbas Vasconcelos reclama do estilo do opositor

Campos atraiu para seu palanque 15 partidos políticos, além de 15 dos 17 prefeitos do PSDB no Estado. Estão com o governador socialista até tradicionais lideranças conservadoras do Estado, como Inocêncio Oliveira e Severino Cavalcanti. O sonho de Campos nessas eleições é devolver a Jarbas Vasconcelos a surra que ele impôs nas urnas a seu avô Arraes em 1998. Naquele ano, Jarbas foi eleito com uma diferença de mais de um milhão de votos.


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