Parceira de Chico César em A força que nunca seca, canção gravada por Maria Bethânia, a matogrossense Vanessa da Mata enfrenta o desafio do segundo disco, depois do elogiado trabalho de estréia. Seguindo a fórmula adotada por Nando Reis, Lô Borges, os Beatles e outros Tribalistas, Ainda bem, faixa de abertura de essa boneca tem manual, impressiona o ouvinte com a massa de violões e o coro de ?na-na-nás?, sob medida para cantar junto. Traz a assinatura do músico-produtor Liminha, co-autor de cinco das 12 músicas apresentadas. Mas, a partir da interpretação e do arranjo para Eu sou neguinha?, de Caetano Veloso, Vanessa começa a seduzir o ouvinte com seu jeito ciciante, musical e felino ? não por acaso, ela incluiu no CD História de uma gata, recriação de Chico Buarque para a música de Enriquez e Bardotti, com arranjo de metais de Jaques Morelembaum. A dubiedade dos versos de Vanessa surge valorizada no arranjo do violonista Swami Jr. para Ela x ele na cidade sem fim e em músicas como Não chore, homem. A herança baiana dos avós aparece na faixa-título e em Joãozinho, com a participação de Nelson Jacobina, e Kassin e Domenico, parceiros de Moreno Veloso. Assim, bem cercada, é possível ouvir Vanessa da Mata por inteiro, apesar de tantos corinhos de ?ohs?, ?uhs? e ?pa-pa-pas?. Uma das composições com Liminha, por sinal, é Ai, ai, ai… Ainda bem.