Reduzir o uso de remédios e atenuar os sintomas da depressão é o que promete um método criado por cientistas americanos da Universidade da Califórnia. A descoberta pode facilitar o tratamento de milhares de pessoas que sofrem com os efeitos colaterais dos medicamentos – como disfunção sexual, fadiga, sonolência, aumento de peso e náuseas. O que os pesquisadores propõem é trocar parte dos comprimidos pela estimulação diária dos nervos trigêmeos, tornando o tratamento mais rápido. Esses nervos, localizados na face, serviriam como uma espécie de ponte para os estímulos elétricos, transmitindo-os às regiões do cérebro afetadas pela depressão. Seriam, assim, capazes de compensar os sinais neuronais irregulares, permitindo que o cérebro retorne à sua atividade normal, cessando os efeitos da doença.

As pesquisas ainda estão no início. O tratamento já foi testado em cinco voluntários, que, por oito semanas, usaram o aparelho diariamente na hora de dormir. Os primeiros resultados mostraram a redução em 70% dos sintomas da depressão. “Fizemos o procedimento em pacientes com depressão clínica, nos quais os antidepressivos não conseguiam reverter o quadro”, explicou à ISTOÉ o médico Ian Cook, coordenador do estudo. “Ainda é experimental, mas acreditamos que já possa ser usado como um tratamento complementar.” O próximo passo da equipe comandada por Cook é recrutar mais pacientes para obter dados mais sólidos sobre os efeitos da estimulação do nervo trigêmeo.

A aposta na estimulação de re­giões do cérebro para reequilibrar a atividade neuronal não é nova. No mundo todo, já há terapias baseadas na geração de campos magnéticos sobre as áreas afetadas. No Brasil, um dos pesquisadores que desenvolvem o método é Marco Antônio Marcolin, que coordena o grupo de estimulação magnética transcraniana do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “Já existia um método no qual se colocava o eletrodo dentro do cérebro para se regular os circuitos neuronais. Esses novos tratamentos são uma opção não invasiva e por isso mais segura de se fazer isso”, considera Marcolin.

A própria Organização Mundial da Saúde considera prioritária a criação de novas formas de tratamento para a depressão. De acordo com o organismo internacional, há hoje 121 milhões de pessoas com a doença no mundo – número superior à população do México. Desse total, 25% não têm o tratamento necessário para o controle da enfermidade, seja por falta de assistência médica adequada, seja pela ineficiência dos medicamentos ou da psicoterapia.

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