Em seu quarto longa-metragem, Uma onda no ar (2002), o cineasta mineiro Helvécio Ratton, conhecido pelo estrondoso sucesso de Menino Maluquinho (1995), conta a história de uma das primeiras rádios piratas do Brasil. O filme começa com a polícia invadindo o barraco onde funciona a Rádio Favela, na periferia de Belo Horizonte, levando preso seu responsável, Jorge (Alexandre Moreno). Na cadeia, logo é reconhecido pelos outros detentos, que lhe pedem para contar como tudo começou. Negro, favelado e matriculado a contragosto em um colégio de classe média, graças ao empenho da mãe, D. Neusa (Edyr Duqui, uma das Frenéticas), Jorge sonhava com o desenvolvimento social de sua gente. Ao conhecer Zequiel (Adolfo Moura), evangélico e técnico em eletrônica, o sonho começou a tomar forma.

De brincadeira em brincadeira, noticiando tudo o que se passava pelo morro, a rádio fica conhecida. Até no asfalto. Com o tempo, a realidade se impõe. Jorge e Zequiel vão perdendo aliados e acabam chamando a atenção da polícia e da imprensa. Por motivos diferentes, passam a ser perseguidos por um delegado anônimo (Tião D’Ávilla) e uma corajosa repórter, Lídia (Renata Otto). O roteiro de Ratton e Jorge Durán foi inspirado na verdadeira Rádio Favela, criada por Misael Avelino dos Santos e Nerimar Fernandes na favela da Serra, em Belo Horizonte. A exemplo do filme, a emissora, autorizada em 2000, foi premiada em vários países.


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