img.jpg

As polícias federais do Brasil e do Paraguai sempre atuaram de forma conjunta e integrada no combate ao crime nos dois lados da fronteira. Nos últimos meses, no entanto, o clima de cooperação fica reservado às instâncias oficiais. Agentes dos dois países têm protagonizado cenas impensáveis num ambiente de ação conjunta. Em vez de combaterem os criminosos, os policiais enfrentam-se uns aos outros com ameaças e voz de prisão. Na última ocorrência, há pouco mais de dois meses, agentes da PF brasileira quase trocaram tiros ao tentarem abordar uma patrulha da Polícia Nacional do Paraguai que transitava em Ponta Porã sem autorização. De acordo com um policial envolvido na operação, ao serem abordados pela PF, os paraguaios sacaram as armas. “Foi um dos momentos mais tensos da minha carreira. Brasileiros e paraguaios discutiam e apontavam suas armas uns para os outros”, diz o agente, que prefere não se identificar para evitar represálias. Segundo ele, os paraguaios pediram reforços e a situação se complicou. “Em três minutos, estávamos sendo enquadrados por aproximadamente 80 policiais paraguaios dentro de nosso território”, afirma o policial, que teve de ligar para o 190. Foram socorridos pela PM, que chegou tarde ao local e não evitou que a viatura fosse levada para o lado de lá da fronteira.

Não é a primeira vez que algo assim acontece. Em março, quatro agentes da PF foram presos no Paraguai acusados de terem violado a soberania territorial do país vizinho. Os policiais perseguiam um veículo brasileiro com contrabando e avançaram 700 metros em território paraguaio, na localidade de Saltos del Guairá, a 450 quilômetros de Assunção. Acabaram na cadeia. Em outubro de 2009, outros dois agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de São Paulo foram presos no município de Capitan Bado, enquanto perseguiam um traficante. As autoridades paraguaias novamente acusaram os brasileiros de invasão de território. O Sindicato dos Policiais Federais em Mato Grosso do Sul teve que contratar um advogado paraguaio para conseguir um habeas corpus para os policiais brasileiros.

SOCORRO
Agente da PF teve que pedir reforço da PM durante
embate com policiais paraguaios em solo brasileiro

Para o diretor de relações do trabalho da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Francisco Alves Albino, os enfrentamentos entre policiais são fruto de problemas de comunicação entre as autoridades locais e da indisciplina de muitos agentes federais. “Não existe respeito. A situação é extremamente instável e tenho medo de que um policial nosso acabe morto”, diz. A assessoria de imprensa da PF minimiza as queixas e diz que são casos isolados. “O Paraguai é onde se tem a melhor relação de cooperação e serviu de modelo para os acordos firmados com Colômbia, Bolívia e Uruguai”, diz a PF.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias