A cada dois anos, o mercado  brasileiro de carros se exibe nas passarelas do Salão do Automóvel,  no Anhembi, em São Paulo. A mostra de quase 150 expositores acontece entre os dias 21 e 31 de outubro, com expectativa de receber meio milhão de visitantes. Um glamour diferente da marcha-lenta vivida pelas montadoras brasileiras, que driblam uma pesada ociosidade produtiva e vendas bem abaixo do que gostariam. Apesar da produção e exportação ter alcançado 1,3 milhão entre janeiro e setembro, num aumento de 18% em relação a 2003.

O Salão do Automóvel é isso mesmo: show, luzes, homens e mulheres estonteantes e máquinas reluzentes, mesmo que não haja dinheiro no bolso dos visitantes (que, aliás, terão de pagar R$ 20 pela entrada). É como sonhar com Gisele Bündchen ou Brad Pitt e, na hora H, sair de mãos dadas com os velhos companheiros de bateria meio arriada e pneuzinhos estufados na lateral.

Para o mercado consumidor, os carros 1.0 ainda reinam e, talvez por isso, o Salão do Automóvel seja tão atraente. Lá, ao alcance da mão, estará brilhando, ao lado de uma sorridente beldade, o super Audi Le Mans quattro, o carro mais veloz do evento. Derivado do carro de competição R8, que venceu quatro vezes a tradicional corrida 24 Horas de Le Mans, o modelo acelera de 0 a 100 km/h num tempo menor do que você levou para ler esta frase.

As quatro grandes montadoras, Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen não prepararam grandes lançamentos para a mostra. Até porque, para aquecer suas vendas, elas já lançaram antes os modelos 2005. De qualquer forma, a vedete da indústria local será a tecnologia dos motores flexíveis, capazes de queimar álcool ou gasolina em qualquer proporção. A GM vai além ao exibir a “família SS”, ensaios estilísticos do departamento de design para estudar a reação do público. São três modelos (Astra e Corsa Sedãns e Meriva) com retoques esportivos que, se aprovados, podem ganhar a linha de montagem. Os carros têm acabamento interno em couro vermelho, rodas chamativas e outras perfumarias. Pela VW, o Crossfox, versão “aventureira” do Fox, surge para ganhar as ruas em janeiro. É a carona nos carros que enfrentam asfalto, trilhas e estradas de terra, uma onda inaugurada pelo Palio Adventure e confirmada pelo jipe EcoSport.

Um carro de Fórmula 1 sempre é uma obra de arte. E se o bólido for apimentado de história bem brasileira? O FD-01, primeiro e único carro de F-1 projetado no Brasil, graças ao empenho dos irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi, volta à vida com o patrocínio da fabricante de autopeças Dana. O carro conquistou um segundo lugar num GP Brasil e consagrou nomes como Keke Rosberg, campeão do mundo em 1982, e Jô Ramires, eleito por Ayrton Senna o melhor chefe de equipe de todos os tempos.

Quem quiser comparar o F-1 do clã Fittipaldi com um atual, pode espiar o estande da Honda. Lá estará o F-1 da equipe BAR. A Ferrari de Michael Schumacher não vem ao Brasil, mas a que o alemão pilota quando dribla os tifosi, os fanáticos torcedores ferraristas, nas ruas de Modena, no interior da Itália, esta virá. E estará à venda. A novíssima Ferrari F612 Scaglietti tem carroceria de alumínio, motor de 12 cilindros e ultrapassa os 300 quilômetros por hora. Preço da beldade? Pouco mais de R$ 1,7 milhão. E aí, vai encarar?

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