Lava Jato
“Mea culpa” de Curitiba

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Em conversa com a Coluna, com garantia de anonimato, procuradores da Lava Jato reconheceram que foi desastrosa “na liturgia, não no conteúdo”, a entrevista do último dia 14, na qual divulgaram acusações de corrupção e lavagem de dinheiro contra Lula. “Erramos na comunicação”, disse um deles. “Se um discurso não é bem assimilado, se falhou em deixar claro sua razão de ser, pouco importa o quão correto tenha sido”, acrescentou. “Mas não repetiremos o erro.” É bastante provável, portanto, que as próximas apresentações do Ministério Público Federal do Paraná, para anunciar resultados de investigações, abram mão de tons e recursos que, considerados excessivos, despertaram críticas até de setores simpáticos à operação.

A autocrítica, porém, não vai além da forma. No mérito, a equipe sustenta que a polêmica coletiva trouxe à luz provas robustas contra Lula e deu subsídios sólidos para sua futura condenação. Essa convicção não tem base só nas investigações do envolvimento do casal Silva em crimes relacionados ao tríplex do Guarujá e ao uso de dinheiro sujo para pagar a armazenagem de seus bens pessoais.Como exemplo adicional da “falha de comunicação”, os procuradores apontam para uma informação que, por eles considerada de grande relevância, foi pouco destacada pela imprensa na denúncia enviada ao juiz Sérgio Moro. Ficou fora das manchetes a acusação do envolvimento de Lula em três contratos, assinados pela OAS com a Petrobras, no valor de R$ 87 milhões, sobre os quais, segundo os procuradores, “há consistentes evidências de corrupção”. “Demos margem para que se enxergasse falta de consistência no que foi apresentado, quando, ao contrário, as denúncias estão solidamente sustentadas em testemunhos, evidências e circunstâncias.” Toda a polêmica desse episódio foi relembrada na quinta-feira 22, com a não menos controvertida prisão de Guido Mantega. Nada contra deter uma autoridade enrolada em bandalheiras; mas fazê-lo ignorando a cirurgia a que era submetida à mulher do ex-ministro é dar pólvora, como deu, aos adversários da operação conduzida pela força-tarefa.Minutos depois, Lula e aliados já surfavam no “nazismo do ato”. E, mais uma vez, quem lhes deu a prancha foi a própria Lava Jato.

Justiça
Dois lados

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Muita chiadeira em entidades patronais nos últimos dias contra o TST. Empresários não gostaram de ver no portal do tribunal o “executômetro” – que aponta em tempo real pagamentos de acordos feitos na Semana Nacional da Execução Trabalhista, que terminou na sexta-feira 23. Aliás, o resultado de 2015 (R$ 691 milhões) pode não ser alcançado. Vale lembrar que a execução ocorre pela ausência de acordo antes da sentença. E decisões não cumpridas “alimentam” o “executômetro”.

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Minas Gerais
Briga de galo
A polarização eleitoral em Belo Horizonte deixa em campo um goleiro e um cartola, ambos ligados ao Atlético Mineiro. João Leite (foto), hoje deputado estadual (PSDB), é o candidato à frente nas pesquisas (33% segundo o Ibope). Em seguida, Alexandre Kalil (PHS) (22%), ex-presidente do clube. Os demais perderam fôlego. O ex-goleiro parece ter gás para avançar, mas todos os grupos contrários ao PSDB devem se unir em prol de Kalil – o que pode levar o mata mata atual para um segundo turno, de imprevisível resultado, por ora.

Saúde
Disputa aberta

 

Construtoras que atuam no mercado imobiliário de Brasília estão de olho numa concorrência do Ministério da Saúde. O objeto é a locação de edifício para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, à Fundação Nacional de Saúde e três secretarias. Algumas empresas consideram que acomodar uns 4 mil servidores em dois prédios próximos representa gasto menor do que num mesmo imóvel, como quer o ministro Ricardo Barros. Aliás, o único edifício hoje com as características desejadas pertence ao ex-vice-governador do DF, Paulo Octávio. Há entre concorrentes intenção de questionar na Justiça essa opção excludente.

Brasil
Novo inquilinoboe-01-ie

Secretário de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco (foto) está ocupando o espaço da vice-presidência. Os membros de sua equipe estão sendo alocados no anexo do Palácio do Planalto. O privilegiado espaço tem gabinetes confortáveis, sendo que o melhor deles, onde antes despachava Michel Temer, agora é de Moreira. Dali, ele cuidará dos 34 projetos de infraestrutura, com os quais o governo espera arrecadar R$ 24 bilhões, apenas em 2017.

Política
Best-seller?

As conversas de Eduardo Cunha com editoras para publicação do seu livro sobre os bastidores da deposição de Dilma Rousseff envolvem cifras que vão de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. O papo evolui lentamente pelo valor e outros detalhes, como quem arcará com ônus, no caso de eventuais processos por citados na obra. Pesa ainda a dúvida sobre o real interesse na obra, agora que Eduardo Cunha perdeu o brilho. “Nervos de aço”, de Roberto Jefferson, um balanço da história política recente do Brasil, destacando o escândalo do Mensalão, lançado em 2011, vendeu apenas cerca de 3 mil exemplares.

Ministério Público Federal
Dias e horas

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Ao depor em Curitiba, onde afirmou ter repassado US$ 2,3 milhões para o PT, a pedido de Guido Mantega, empresário Eike Batista levou a sua agenda pessoal, para comprovar encontro com o ministro, em Brasília, além de outros documentos. Os compromissos oficiais de Mantega, que a exemplo de outras autoridades a Presidência da República pede sejam informados no site dos ministérios, foram confrontados no curso das investigações.


Eleições 2016
Pegadinhas

Denúncias de pesquisas falsas cresceram nessas eleições municipais em relação a 2012. Isso porque o impeachment atraiu as pessoas para a política e, também, pela expansão das redes sociais. Em 20 dias, por exemplo, foram 15 denúncias de pessoas e/ou candidatos divulgando pesquisas piratas. As queixas vêm de modestas cidades do interior tipo Autazes (AM) ou grandes, como Santa Maria (RS), Mairiporã e Suzano (SP). Na quinta-feira 22, no portal do IBOPE, havia seis sondagens legais e outros seis desmentidos de pesquisas.

Burrice
Contra a causa

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Muita gente apanhou neste mundo para que o direito de greve fosse consagrado direito soberano dos trabalhadores. Lamentavelmente, há quem faça uso idiota dessa conquista. Na atual greve dos bancários, por exemplo, sindicalistas estão bloqueando o acesso do público à exposição “Picasso: mão erudita, olho selvagem”, no centro cultural da Caixa Econômica, no Rio, com entrada gratuita. Típica atitude que não pressiona o patrão, não faz avançar a causa e alimenta compreensível antipatia dos cidadãos ao movimento.

Telecomunicações
Incrível!

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Um quarto dos roubos de celulares ocorrem no Brasil. O número foi apurado pela Fiesp, para lançamento do primeiro boletim anual do “Mercado de Ilícitos Transnacionais”. a atividade criminosa alimenta o ostensivo comércio de peças e aparelhos usados,

Fotos: Rodolfo Buhrer / La Imagem/Fotoarena/Folhapress; NITRO; Pedro Ladeira/Folhapress; Michel Filho/Ag. O Globo


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